Casas vazias são "ativos imobiliários" que "resolviam" crise na habitação, num mercado de arrendamento "desbragado"

O arquiteto e urbanista Tiago Mota Saraiva aponta para a necessidade de "limitar" o mercado "desbragado" do arrendamento e vê nas 723 mil casas vazias uma solução para a crise na habitação.

Ouvido no Fórum TSF desta segunda-feira, Tiago Mota Saraiva sublinha que a crise habitacional em Portugal é um problema real e os sucessivos Governos não têm conseguido responder a esta crise. Mas o arquiteto vê nas casas vazias um poderoso "ativo imobiliário".

Não podemos continuar a ignorar que temos registadas, em 2021, 723 mil casas vazias, sendo que 47 mil são casas vazias em Lisboa. E estas casas vazias, se estivessem no mercado, iriam resolver o problema.

Acrescenta que estas não são habitações degradas que precisem de "muitas obras". De acordo com os censos, explica, dois terços "podiam ser colocadas no mercado com pequenas obras ou até sem".

"Temos aqui um fator importantíssimo. Se construímos mais, têm de ir para o mercado da habitação. Não podem servir para especular", ressalva.

Defende assim que é preciso "limitar o mercado de arrendamento, que continua completamente desbragado", com os senhorios "a pedirem o que quiserem e a retirar casas do mercado".

Apela, por isso, ao novo Executivo para deixar o "espartilho ideológico" em que está "firmemente" marcada a ideia de fazer parcerias público-privadas, em que o Estado "dá tudo".

"[O Estado] dá o terreno, dá o edifício, dá tudo e depois ficamos nas mãos do privado, que irá construir sabe-se lá como", denuncia.

No entanto, a secretária de Estado da Habitação, Patrícia Gonçalves Costa, que falou também esta segunda-feira no Fórum TSF, admitiu ver nas parcerias público-privadas uma das soluções para combater esta crise, defendo uma linha de financiamento para o setor reabilitar casas devolutas.