Vereadora de Loures não sabe onde pessoas do bairro demolido vão pernoitar e rejeita responsabilidades
Em declarações à TSF, Paula Magalhães justifica esse desconhecimento com o facto de que "43% dos agregados" que viviam até esta segunda-feira naqueles terrenos "não são do concelho de Loures" e algumas chegaram vindas "diretamente do aeroporto"
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Apesar da resistência dos moradores e dos momentos tensos com a polícia — com uma mulher a ser mesmo arrastada pelo chão, segundo a Lusa — está em curso a demolição de 64 barracas no bairro do Talude Militar, em Loures. Para a vereadora da Câmara de Loures responsável pela Polícia Municipal, Paula Magalhães, "é mais do que óbvio", por razões de segurança às pessoas, "aos operacionais que estão a trabalhar" e "aos bens do município", que "não se pode fazer uma intervenção destas sem cobertura policial". É assim que justifica na TSF a intervenção policial que recorreu a bastões para afastar à força os residentes.
E garante: "não é verdade" a acusação do movimento Vida Justa de que não haja mandado judicial para esta operação. Trata-se, também, de "uma intimação da câmara" através de "um edital com as 48 horas que a lei obriga" para as pessoas abandonarem as suas casas.
Por outro lado, afirma que os moradores "estão, neste momento, a ser encaminhados e recebidos pelos serviços sociais da câmara, que convidam cada família a procurar uma habitação e a câmara suporta um mês de renda e um mês de caução."
Mas, a questão é: onde é que estas pessoas podem eventualmente pernoitar desta segunda-feira? "Não lhe consigo dizer até porque 43% dos agregados" que ali vivem "não são do concelho de Loures", algumas chegaram ao bairro autoconstruído vindas "diretamente do aeroporto".
A Câmara Municipal de Loures tem sido bem clara ao longo dos tempos: nós não iremos permitir a continuidade destas construções ilegais no concelho de Loures.
Por essa razão e porque a autarquia está a dar "oportunidades", Paula Magalhães atira: "não temos porque não descartar" responsabilidades em relação ao que possa acontecer com os moradores que esta segunda-feira perderam a casa.
