"Situação já preocupante." Receio de que cenário em Gaza se repita no Líbano traz "pânico generalizado"
A organização Médicos Sem Fronteiras dá conta de um "grande número de pessoas a viver na rua", que estão sem "o mínimo de condições básicas de vida", em declarações à TSF
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O diretor-geral dos Médicos Sem Fronteiras Portugal, João Antunes, descreveu esta terça-feira uma "situação já preocupante" e "caótica" vivida no Líbano, "após ver aquilo que aconteceu em Gaza e que se poderá repetir no Líbano".
Em declarações à TSF, João Antunes afirma que os relatos que chegam dos profissionais de saúde no terreno dão conta de um "grande número de pessoas que tem saído das suas próprias casas à procura de algum abrigo seguro".
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"Procuraram, neste fim de semana, muito as escolas, que rapidamente ficaram sobrelotadas, são espaços onde realmente não estão por natureza habilitados a receber tantas pessoas. É nessa vertente que nos estamos a concentrar, mas as pessoas estão confusas, as pessoas estão com medo e obviamente que a questão da saúde mental, da preocupação e o pânico, após ver aquilo que aconteceu em Gaza e que se poderá repetir no Líbano, traz um pânico já generalizado e é isso que já podemos observar através das nossas equipas", explica.
O diretor-geral dos Médicos Sem Fronteiras sublinha, por isso, que as equipas no terreno estão a tentar distribuir o apoio, até porque há já "um grande número de pessoas a viver na rua, a viver nos seus próprios carros, a deslocarem-se para a praia, para zonas mais desabitadas, mas onde, ao mesmo tempo, não há o mínimo de condições básicas de vida".
João Antunes assinala que "não basta já só estar nos hospitais e centros de saúde", que estão "sobrelotados", e defende que a ajuda tem de ser mais diversificada.
"Temos de nos aproximar das populações, perceber para onde é que estão a ser os movimentos de deslocados, com clínicas móveis, aproximarmos, trazer estes cuidados de saúde, para ficarem mais próximos das pessoas e este obviamente é o grande desafio", sustenta, revelando ainda a crença de que a "situação irá ter um agravar nas condições nos próximos dias, nas próximas horas até".
O Líbano tem, por esta altura, perto de 500 elementos dos Médicos Sem Fronteiras, uma organização que presta há anos apoio aos refugiados do país.
Numa reunião na manhã desta terça-feira com as Nações Unidas, o primeiro-ministro libanês assumiu que o país enfrenta uma das fases "mais perigosas da História" e apelou à ONU para prestar ajuda a "um milhão" de deslocados na sequência dos ataques israelitas contra o Líbano.