Marques Mendes aponta a Gouveia e Melo: cargo de Presidente é "eminentemente político", "não é tempo de tiros no escuro"
Luís Marques Mendes apresentou a candidatura a Belém. No discurso, elencou os desafios de Portugal, desde a "ambição" à "segurança, em torno do Estado Social", e garantiu que esta é uma "candidatura de compromissos"
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Luís Marques Mendes apresentou esta quinta-feira a sua candidatura a Presidente da República, numa sessão em Fafe para a qual não foram feitos convites a figurais nacionais do PSD. O antigo líder do PSD apontou indiretamente o antigo chefe do Estado Maior da Armada, Gouveia e Melo, lembrando que o cargo de Presidente é "eminentemente político" e que "não é tempo de tiros no escuro".
À entrada do auditório do lar da Santa Casa da Misericórdia de Fafe, o antigo comentador de política disse que espera que "toda a gente" siga o seu exemplo e faça "uma campanha pela positiva".
Já durante a apresentação da candidatura, Marques Mendes começou pelos agradecimentos. Depois, dirigiu-se aos portugueses e destacou "momentos especiais da vida", como é este para o próprio.
"Esta é a terra onde tudo começou, foi aqui que os meus pais me educaram para a vida. (...) Foi aqui, em Fafe, que iniciei a minha vida política. (...) Aos 28 anos dei os primeiros passos na vida nacional", disse, sublinhando o seu percurso político.
"Conheço bem o país e o cargo de Presidência da República", garantiu.
Para Marques Mendes, "a experiência não é tudo", mas é "decisiva" num momento de instabilidade global. "Não existe uma Presidência sem experiência, não é tempo de tiros no escuro", acrescentou, apontando Gouveia e Meio.
O candidato a Belém elencou os desafios de Portugal, desde a "ambição" à "segurança, em torno do Estado Social".
"Esta será uma candidatura com compromissos. Primeiro, o de unir o país. (...) Todos devem ser de forma igual e, por isso mesmo, hoje entreguei o meu cartão de militante do PSD, de forma a entregar uma candidatura de isenção e imparcialidade. Segundo, o compromisso com a ética e com a credibilidade."
Marques Mendes defendeu que "uma política sem ética é uma vergonha" e definiu como terceiro compromisso "fazer pontes", por exemplo, para "evitar crises políticas". Já o quarto ficou "para as causas importantes, urgentes e que requerem ambição", até porque "Portugal pode e deve estar entre os melhores da Europa", disse.
Entre natalidade, imigração, violência doméstica, ou segurança, Luís Marques Mendes insistiu que o país precisa de "mais ambição" e o Presidente da República "tem de ser inspirador e gerador de esperança".
"Quinto, o compromisso na política externa e na Europa. (...) Sexto e, finalmente, quero ser um referencial de convergência na dignificação das Forças Armadas. (...) Não somos um país belicista, somos pela paz e queremos acompanhar o nosso país na NATO."
O discurso de Luís Marques Mendes terminou com a alusão a "um tempo novo" e com a promessa de estar "ao lado dos portugueses", fazer cumprir a Constituição e fazer "valer a pena" Portugal.
O Presidente da República já anunciou que tenciona marcar as presidenciais de 2026 para 25 de janeiro, calhando uma eventual segunda volta em 15 de fevereiro, três semanas depois.
Luís Marques Mendes fez a apresentação da sua candidatura com quase um ano de antecedência -- na véspera da data escolhida pelo anterior chefe de Estado Jorge Sampaio, que se apresentou como candidato em 7 de fevereiro de 1995.
Sem convites a figuras nacionais nesta primeira apresentação, marcaram presença em Fafe os ex-ministros Miguel Macedo e Silva Peneda, os presidentes da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, e de Boticas, Fernando Queiroga, além do secretário-geral adjunto do PSD e deputado por Aveiro Paulo Cavaleiro.