"Há fome, não há comida nenhuma e, quando aparece alguma coisa, não há forma de a cozinhar"
Em entrevista à TSF, um médico em Gaza, antigo diretor de um hospital que foi destruído, diz que há fome por toda a Faixa de Gaza, não há comida e a população continua a ser bombardeada
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A TSF falou com um médico palestiniano em Gaza, antigo diretor de um hospital, que, por razões de segurança, vamos identificar apenas como Salah. Está na região de Khan Younis e diz que não há comida nenhuma nem forma de cozinhar: "A situação em Gaza é muito, muito, muito, muito má. Não há comida nenhuma. Há fome. Ainda estou em Gaza, perto de Khan Younis, e não há comida nenhuma. Mesmo quando aparece alguma coisa, não há materiais para cozinhar. Hoje em dia só distribuo água. Não há comida, há fome, volto a dizer."
Este médico palestiniano denuncia as condições em que a população vive, concentrada numa pequena parte do território: "A grande maioria da população está concentrada em apenas cerca de 25 ou 30% do território da Faixa Gaza, o resto está sob ocupação israelita. Os habitantes de Gaza continuam a ser alvo de ataques aéreos."
Este médico, numa entrevista exclusiva à TSF, diz que os palestinianos não querem comida lançada pelo ar como anunciou este sábado o primeiro-ministro britânico, mas sim através da UNRWA, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, como acontecia no passado.
"A situação é muito má. Quanto ao futuro de Gaza, nós esperamos que o cessar-fogo seja possível, que a comida chegue através da agência da ONU para os refugiados palestinianos, que não aceitam comida lançada pelo ar, nem da forma muito má que está a ser feita pelos americanos. Dão comida e estão a matar pessoas ao mesmo tempo. Essa é a situação na fronteira de Rafah. Ao mesmo tempo, isso também acontece entre Rafah e Khan Younis. Esperamos que a situação na Faixa de Gaza melhore nos próximos dias."
A guerra em curso em Gaza foi intensificada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel, que também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária, já provocou mais de 59 mil mortos, a maioria civis, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.