PSD diz que não há acordo, mas Chega "não se contenta com pequeno rebuçado". PS fala em "piscar de olhos"
No Fórum TSF, os partidos apresentam prioridades para o novo ciclo político. O BE quer “corrigir erros que nunca deviam ter sido prometidos” e o PCP volta a deixar claro que partido irá "combater a política de direita".
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O PSD garantiu esta terça-feira, no Fórum TSF, que não há acordo com o Chega, apenas uma posição que permite que a Assembleia da República funcione “na plenitude de funções”. No entanto, o PS considerou que há “pelo menos um piscar de olhos” para um possível acordo entre as forças políticas e o Chega deixou claro que “não se contenta com um pequeno rebuçado”.
“Já na anterior legislatura, o PSD entendia que não faria sentido nenhum que a mesa da AR não estivesse a funcionar na plenitude de funções e, portanto, não há aqui nenhuma novidade”, começou por afirmar o social-democrata Alexandre Poço, esclarecendo que “não há acordo nenhum”.
“Na mesa devem estar todos os membros eleitos”, insistiu.
Mas, para o socialista João Torre, a situação pode não ser tão linear e que em causa podem estar “início de entendimentos” entre o partido de Luís Montenegro e de André Ventura.
"Não sei se estamos perante um acordo ou não. Agora, parece-me pelo menos um piscar de olhos entre o PSD e o Chega”, sublinhou.
A porta-voz do Chega Rita Matias, também ouvida no Fórum TSF, desfez as dúvidas e avisou que o partido “não se contenta com o exercício de alguns cargos e funções” e, por isso, isto é apenas “um primeiro passo no sentido de reconhecimento que é preciso estabilidade”.
“Que isto não pareça um pequeno rebuçado, um pequeno doce que é dado ao Chega”, atirou.
Esta terça-feira decorre a primeira reunião plenária da nova legislatura na AR, tendo o PSD já admitido que iria viabilizar candidatos do Chega para a mesa do Parlamento. Sabe-se também que a Iniciativa Liberal e o partido de Luís Montenegro não chegaram a “entendimentos alargados”, ficando fora da formação de um novo Governo o partido de Rui Rocha.
No Fórum TSF, a liberal Mariana Leitão garantiu que o partido vai continuar “a defender que se apliquem reformas estruturais”, como a descida significativa de impostos “tanto para as pessoas como as empresas”.
“É fundamental para garantir o crescimento económico”, disse, acrescentando que vão insistir também em “medidas que representem simplificação e desburocratização”.
Oposição quer “corrigir erros que nunca deviam ter sido prometidos”
Por outro lado, os partidos de oposição assumem-se empenhados em “corrigir erros que nunca deviam ter sido prometidos”.
“Tivemos agora mais uma prova que são as prioridades que o país precisa (...) Temos exatamente as mesmas urgências do final da legislatura anterior com as quais nos confrontamos e batemos de frente contra um muro da maioria absoluta”, considerou Joana Mortágua.
Já Paula Santos lembrou que o PCP apresentou uma moção de rejeição ao programa do Governo: “Estaremos desde o primeiro minuto a combater a política de direita, de retrocesso, de ataque aos direitos dos trabalhadores, aos serviços públicos e de favorecimentos dos interesses de grupos económicos.”
Para o Livre, as prioridades passam por “aprofundar aquilo que já foram as conquistas e trazer novas propostas”, como explicou Jorge Pinto, isto passa por erradicar a pobreza até 2023.
O PAN quer que se preste atenção a matérias como o clima e defesa dos animais, mas, Inês Sousa Real, destacou ainda “um dos grandes flagelos no nosso país”.
“A violência doméstica continua a ter um rosto marcadamente feminino, o que nos traz aqui outra questão. Nesta legislatura demos um passo atrás naquela que é a representação das mulheres, hoje temos menos deputados na AR do que tivemos nas últimas duas legislaturas”, concluiu.
