Morte na Cova da Moura: ser arguido é "normalíssimo". Agora, é "evitar comentários que patrocinem agendas"
À TSF, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia considera que a "figura" de arguido "nada define, apenas atribui um título" presente na lei. Sobre as críticas à atuação das forças de segurança, assinala que é preciso dar "tempo" à justiça
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Ser arguido não é uma condenação? "Naturalmente que não." A resposta é do presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos, em declarações à TSF: "Esta figura nada define, apenas atribui um título que consta da legislação em vigor."
Aquele estatuto "ocorre no âmbito de um inquérito feito a alguém. Esse alguém presta declarações a um órgão de polícia criminal, a uma autoridade judiciária e, no âmbito dessas explicações, se puder existir a prática fundada de um crime, há uma constituição de arguido", afirma ainda.
Na segunda-feira, um polícia baleou mortalmente um morador no bairro da Cova da Moura — segundo a PSP, a vítima "terá resistido à detenção e tentado agredir os agentes com recurso a arma branca". Já esta terça-feira, o mesmo foi constituído arguido e viu a arma ser-lhe retirada, mantendo-se ao serviço. Paulo Santos destaca que estes são procedimentos "normalíssimos" quando há investigações em curso.
Por sua vez, a associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa já contestaram a versão policial sobre a morte de Odair Moniz e exigem uma investigação "séria a isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
Para o dirigente sindical, é necessário esperar "para o processo ditar" as circunstâncias em que aconteceu o disparo mortal e evitar "comentários que, muitas vezes, aparecem sem conhecimento de causa e pretendem patrocinar agendas" - sem especificar nada mais.
