Ferro Rodrigues "chocado" com sugestão de Seguro sobre OE: "Põe em causa a lógica da democracia"
O antigo presidente da AR quer a realização de eleições primárias no PS, recusando-se a ficar "impávido e sereno" à espera de saber quem será o candidato socialista na corrida a Belém. Sobre Gouveia e Melo, afirma: "É uma manifestação da situação anti-partidos que se espalhou na sociedade portuguesa"
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Ferro Rodrigues mostra-se "chocado" pela ideia de José Seguro de o Orçamento do Estado não ser votado, mas apenas apresentado na Assembleia da República, em nome da estabilidade política. Salvaguardando que desconhece as ideias políticas do homem que já foi secretário-geral do Partido Socialista (PS), porque "esteve muito tempo calado", critica a sugestão "que põe em causa a lógica da democracia".
"Os parlamentos foram criados exatamente nos primórdios do liberalismo por razões da necessidade do povo estar presente diretamente na votação dos impostos e, portanto, é mesmo qualquer coisa que põe em causa a lógica da democracia."
Recusa-se a ficar "impávido e sereno" durante o processo de escolha do candidato socialista para a corrida a Belém, "que não se percebe muito bem como poderá acabar". Ferro Rodrigues lembra que o Partido Socialista "teve sempre dividida a base de apoio nas últimas eleições presidenciais", nas quais nem apresentou um nome.
Desde 2021 que a situação "piorou" devido aos "ataques aos partidos democráticos e, por consequência, têm de tomar todas as cautelas para definição de grandes projetos". Em "defesa do próprio Partido Socialista", é crucial ter "intervenção, iniciativa política e um processo democrático" para que a escolha não fique reduzida à "discussão em pequenos comités de um nome".
Questionado se já teve oportunidade de falar com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, sobre a realização de primárias, responde: "Não. Eu falarei sempre que me pedirem opinião."
Sobre a sondagem da Pitagórica para TSF-JN-O Jogo-TVI-CNN Portugal, o antigo líder socialista afirma que o PS não deve apoiar o almirante Gouveia e Melo, "que aparece com uma imagem de autoridade". É o preferido dos portugueses, algo que "é uma manifestação da tal situação anti-partidos que se espalhou, pouco a pouco, na sociedade portuguesa".

