Esquerda em protesto pela “defesa do Estado de Direito”. PS diz que “luta deve ser de todas as forças parlamentares democráticas”
Na manifestação "Não nos encostem à parede" participaram dirigentes do PS, BE, PCP, PAN e Livre. A direita democrática não compareceu e Alexandra Leitão, ouvida pela TSF, sublinha que a luta deve ser de "todas as forças parlamentares"
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Representantes de partidos de esquerda integraram este sábado a manifestação contra o racismo e a xenofobia em Lisboa, alegando a necessidade de combater divisões na sociedade portuguesa e respeitar valores como a liberdade e a democracia.
Na manifestação denominada "Não nos encostem à parede", que foi convocada após a operação policial de dia 19 de dezembro na rua do Benformoso, perto do Martim Moniz, participaram dirigentes do PS, BE, PCP, PAN e Livre. Também outras figuras, como o antigo secretário-geral do PS Eduardo Ferro Rodrigues, juntaram-se este sábado à manifestação.
À TSF, Ferro Rodrigues disse que está presente "pela defesa da democracia" e mostrou-se "indignado" com as imagens que viu da operação policial na Rua do Benformoso.
Há muita gente que não vai permitir que seja uma passeata em Lisboa, ou noutras cidades do país, o avanço do populismo e da extrema-direita. (Ferro Rodrigues)
Também à TSF, a líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, salientou que "a defesa dos direitos do 25 Abril e do Estado Direito deve ser uma luta de todas as forças parlamentares democráticas", lamentando que "alguma direita esteja a usar algumas ideias da extrema-direita para tirar o foco do que realmente interessa que é resolver os problemas das pessoas".
"Queremos segurança para todos. (...) Acho que nunca foi tão importante defender os valores da igualdade e dignidade para todos", disse.
Já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu que o que une este sábado vários partidos nesta manifestação “é o orgulho do antirracismo” e “a coragem da solidariedade nos momentos mais difíceis”.
“É por isso tão importante estarmos aqui com comunidades de imigrantes, com associações de imigrantes, com outros partidos políticos, com pessoas que se querem juntar nesta celebração”, afirmou.
Questionada sobre a vigília promovida pelo Chega, a líder do BE contrapôs que o centro deste dia deve ser “a capacidade de uma democracia para se unir”, dizendo não querer falar de outros protestos.
“O único receio que devemos ter é o receio de ficar calados, em silêncio. É o receito do medo. Quem tem a coragem da solidariedade, quem tem orgulho nessa posição de união, de antifascismo, de solidariedade, de democracia, não tem receito de nada, porque a democracia é tudo o que vale a pena defender”, afirmou.
Pelo PCP, João Ferreira alertou que a “instrumentalização, por parte do poder político, das forças de segurança é um perigo” para a população, para os próprios agentes e para a democracia.
“Quando essa instrumentalização é feita para voltar grupos da população uns contra os outros mais perigoso se torna ainda, porque hoje é contra uns e amanhã será contra nós todos”, referiu o dirigente do PCP.
Segundo referiu, este momento deve servir para afirmar que os direitos, liberdades e garantias inscritas na Constituição da República “têm de ser mesmo para valer para todos, sem discriminações ou exclusões de nenhuma espécie”.
Por fim, em declarações à TSF, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, criticou a política "oportunista", baseada "no ódio e na divisão" e apelou ao "respeito e solidariedade" do país.
"Neste momento de regressão de direitos, Portugal se quiser ser uma sociedade mais coesa e unida, terá um futuro melhor", disse.
Esta manifestação, denominada "Não nos encostem à parede", foi convocada após a operação policial de dia 19 de dezembro na rua do Benformoso, perto do Martim Moniz, em Lisboa, e das imagens de dezenas de imigrantes encostados às paredes dos prédios, para serem revistados.
A operação policial resultou na detenção de duas pessoas e já teve como consequência a abertura de um inquérito por parte da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e uma queixa à provedora de Justiça, subscrita por cerca de 700 cidadãos, entre eles deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre.
O anúncio desta manifestação, entre a Alameda e o Martim Moniz, motivou a organização pelo partido Chega de uma vigília de apoio à PSP para a mesma tarde, denominada "Pela autoridade e contra a impunidade", com concentração na Praça da Figueira, muito perto do Largo do Martim Moniz.
Notícia atualizada às 17h40
