O projeto percorre as escolas do Algarve há quatro anos. Venha conhecê-lo através da TSF
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Com a turma já sentada, a enfermeira Patrícia Grelha, responsável pela saúde escolar, faz as apresentações. "Às vezes, os estilos de vida que nós temos não são os mais saudáveis e, então, hoje trazemos uma pessoa que trata das costas dos meninos”, afirma a profissional.
Pede às crianças que adivinhem o que faz Inês Ribeiro, que se encontra ao seu lado. Os alunos da turma do 4.º ano da Escola Básica da freguesia rural de Santa Bárbara de Nexe, em Faro, só chegam ao nome fisioterapeuta com ajuda.
Inês explica o projeto “Costas a Mexer” que pretende dar a conhecer aos miúdos hábitos saudáveis, mas sobretudo alertá-los para terem posturas corretas. "Sabem qual é o principal motivo para os adultos faltarem ao trabalho?", questiona. “A dor”, responde uma criança timidamente. “Muito bem! E a dor onde? Nas costas”, responde Inês.
Para a aula trouxe um modelo anatómico de uma coluna vertebral e explica-lhes onde está a coluna cervical, torácica e lombar. Com o objetivo de demonstrar o movimento que uma coluna pode fazer, pede a um aluno que tente o exercício de chegar com as mãos ao chão. Daniel admite que em casa e na escola lhe dizem constantemente para estar direito. Por isso, a fisioterapeuta ensina estratégias para se colocarem da melhor forma nas carteiras: devem encostar-se o mais atrás possível na cadeira, com os pés assentes no chão e os antebraços colocados na mesa. Uma postura que lhes permitirá também, assegura a fisioterapeuta, ter maior atenção ao que a professora ensina na aula.
Alerta-as ainda para o tempo em que se ocupam dos telemóveis e do peso que colocam sobre a coluna sempre que baixam a cabeça para olhar para o dispositivo.
"Se eu estiver constantemente ao telemóvel, estou a exercer uma pressão sobre a minha estrutura óssea de 27 quilos! Têm a noção do exagero que é,e do mal que estamos a fazer?”
A intenção do projeto é que os alunos levem para casa estes ensinamentos. "Ainda hoje, noutra escola, uma criança contava-me: 'A minha mãe diz-me para eu não estar ao telemóvel, mas ela está o dia inteiro à frente do ecrã'", refere igualmente.
A parte da aula que acolhe mais entusiasmo é a que diz respeito às mochilas e ao seu peso.
As técnicas de saúde levaram uma balança para as crianças se pesarem e pedem três voluntários. "Este menino pesa quanto?", pergunta Inês Ribeiro. "33,2 quilos", responde a criança, olhando para o mostrador. A fisioterapeuta alerta para a necessidade de uma mochila não ter mais do que 10% do peso total das crianças. Nesta escola os miúdos deixam os livros nos cacifos e só transportam para casa o estritamente essencial. Mas, no próximo ano, quando estiverem no 5.º, com diferentes disciplinas, terão de carregar vários livros e cadernos. Este ano, com todos os livros necessários, as crianças teriam de transportar mais de seis quilos, um peso muito acima da sua constituição.
A aula serve ainda para dar a conhecer os hábitos saudáveis que as crianças devem seguir, como comer bem, fazer exercício fisico, beber água e apanhar sol. No final, é exibido um filme de animação que serve de exemplo ao que acabou de ser ensinado e às crianças é distribuído um folheto com toda a informação.
O projeto "Costas a Mexer" anda pelas escolas da região há quatro anos e já chegou a centenas de alunos do Algarve.