Barnier apresenta demissão. Encontrar primeiro-ministro que restaure estabilidade pode ser maior teste de Macron
Emmanuel Macron, que já prometeu apresentar um novo primeiro-ministro até esta noite, enfrenta agora uma pressão para evitar o colapso do seu próprio mandato
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Michel Barnier entregou formalmente a sua demissão ao Presidente francês. Após mais de uma hora de reunião com Emmanuel Macron, Barnier deixou o Palácio do Eliseu sem fazer qualquer declaração.
O chefe de Estado francês, que já prometeu apresentar um novo primeiro-ministro até esta noite, enfrenta agora uma pressão para evitar o colapso do seu próprio mandato.
A moção de censura, apresentada pela esquerda e apoiada pela extrema-direita da União Nacional, é um feito histórico. Esta aliança improvável conseguiu derrotar o Governo e deixou claro o isolamento de Emmanuel Macron no tabuleiro político.
Marine Le Pen, a estratega deste golpe, exigiu uma reação imediata a Macron, com a nomeação de um novo primeiro-ministro: "As condições que exprimimos, a vontade que manifestamos, são as mesmas de julho: ou seja, um primeiro-ministro que reconheça que não tem o apoio de uma maioria parlamentar e que deve tomar em consideração todas as forças políticas."
Já a líder da França Insubmissa na Assembleia, Mathilde Panot, avisou esta manhã que o partido irá "censurar automaticamente o governo", caso Emmanuel Macron não nomeie um primeiro-ministro vindo da Nova Frente Popular. "Não concordamos com a continuação da política macronista, ela foi derrotada três vezes nas urnas e foi novamente severamente derrotada ontem", defendeu.
A exigência, feita com tom de ultimato, reforça a pressão sobre o Presidente francês, que tem até esta noite para anunciar o sucessor de Michel Barnier num contexto político cada vez mais polarizado.
Com apenas dois meses e vinte e nove dias em Matignon, Michel Barnier sai pela porta pequena. A sua passagem bateu o recorde de mandato mais curto, ultrapassando os cinco meses e oito dias do socialista Bernard Cazeneuve.
Todas as atenções estão agora voltadas para Emmanuel Macron, que pretende anunciar um novo primeiro-ministro até esta noite. Encontrar um líder capaz de restaurar a estabilidade num cenário tão fragmentado pode ser o maior teste do seu mandato presidencial.
