Catarina Martins de regresso a Portugal: "Fica claro que Marrocos não nos deixará entrar" no Saara Ocidental
Em declarações à TSF, a bloquista garante que os eurodeputados não vão baixar os braços e, por isso, vão "entrar em contacto com o parlamento europeu e com a comissão europeia"
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A eurodeputada do BE, Catarina Martins, regressa esta sexta-feira a Portugal, após ter sido informada por Marrocos que a delegação com quem seguia não vai mesmo poder entrar no Saara Ocidental.
Uma delegação do parlamento europeu foi impedida de desembarcar no Saara Ocidental, na quinta-feira, e foram obrigados a regressar às ilhas Canárias, em Las Palmas, de onde partiram originalmente. Entre os políticos declarados persona non grata está Catarina Martins.
Os eurodeputados pretendiam chegar a Laayoune, após o Tribunal Europeu ter decretado que eram nulos os contratos comerciais que "violavam a autodeterminação" do Saara - em causa estão vários acordos de agricultura e pesca. O objetivo desta viagem era perceber de que forma é que esta medida estava ou não a ser cumprida.
Em declarações à TSF, Catarina Martins diz que ficou "claro que Marrocos" não irá permitir a entrada desta comitiva, ainda que insista que não tenham sido apresentados "documentos oficiais" para tal. As pessoas que impediram o desembarque "nem sequer estavam identificadas".
"Temos agora informação que as autoridades marroquinas não nos deixarão entrar", adianta, acrescentando que a decisão foi-lhe comunicada pela Embaixada finlandesa.
Além da eurodeputada portuguesa, a delegação integra também a espanhola Isabel Serra (Podemos) e o finlandês Jussi Saramo (Aliança de Esquerda).
Catarina Martins garante que os eurodeputados não vão baixar os braços e, por isso, vão "entrar em contacto com o parlamento europeu e com a comissão europeia".
"Queremos reunir com Roberta Metsola, presidente do parlamento europeu, sobre esta situação, que já nos pediu dados adicionais, mas vamos também pedir formalmente à Comissão Europeia e a António Costa, enquanto presidente do conselho, porque também tem responsabilidades nas relações exteriores da UE", avança.
Fica, então, óbvio para a bloquista que o impedimento do desembarque da comitiva é "revelador de que a sentença do Tribunal Europeu não está a ser cumprida". Reforça, por isso, que esta é uma situação "muito preocupante".
O Tribunal Europeu decretou que os acordos comerciais entre a União Europeia e Marrocos são nulos, tendo dando um prazo de alguns meses para que a situação seja resolvida
O Bloco de Esquerda também já pediu "esclarecimentos formais" ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português sobre esta situação.
