Diogo Jota, o avançado versátil com instinto goleador que "enquanto amigo merecia cinco bolas de ouro"
Diogo Jota foi um avançado capaz de jogar em várias posições do ataque e marcou 150 golos numa carreira sénior de futebolista que o elevou de Gondomar a Liverpool, até morrer esta quinta-feira, aos 28 anos, num acidente rodoviário
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Com quase 50 jogos com a camisola da seleção, Diogo Jota provou que é possível chegar à equipa portuguesa depois de cumprir a formação num clube diferente dos habituais grandes do futebol português. O número de golos que marcava na formação do Gondomar ajudaram a justificar uma curta mudança para Paços de Ferreira, clube onde brilhou na estreia com profissional.
A equipa de Paulo Fonseca jogava ao ritmo de Diogo Jota e dos golos do avançado, que, apesar da baixa estatura, tinha tendência para aparecer de rompante na área, marcar de pé direito, esquerdo, ou de cabeça.
As duas temporadas em Paços de Ferreira valeram-lhe uma transferência para o FC Porto de Nuno Espírito Santo, onde continuou a acelerar na carreira. Seguiu-se um negócio com o Atlético de Madrid, mas estreia pelos colchoneros nunca se concretizou, fruto dos empréstimos aos dragões, na época 2016/17, em que apontou nove golos pela equipa vice-campeã nacional, e ao Wolverhampton, na época 2017/18, onde contribuiu para o título do Championship segundo escalão inglês, com 17 golos.
Contratado a título definitivo pelos wolves no início da época 2018/19, o portuense ajudou uma equipa repleta de jogadores lusos, entre os quais Rui Patrício e João Moutinho, a alcançar o sétimo lugar da Premier League por duas vezes e uma qualificação europeia, que guia a equipa inglesa aos quartos de final da Liga Europa
Diogo Jota conquistou Inglaterra com uma média de golos sempre acima dos dez por temporada nos Wolves. A transferência para Liverpool, na cidade dos Beatles às ordens de Jurgen Klopp, marca a carreira do português, que rapidamente se tornou uma peça chave da equipa. Os adeptos dos reds não demoraram muito a dedicar-lhe um cântico.
Por esta altura já vestia também o vermelho da seleção nacional com duas Ligas das Nações conquistadas.
No mês passado, em 22 de junho, Diogo Jota casou com Rute Cardoso, oficializando uma relação da qual tem três filhos: Dinis Silva, de quatro anos de idade, Duarte Silva, de dois, e uma filha, cujo nome não foi divulgado, nascida em novembro de 2024.
"Futebol está devastado" e sem palavras neste "momento triste", mas fica uma certeza: "Quem procurar um ídolo em Diogo Jota fará escolha certa"
Quer em Portugal, quer lá fora, o futebol ainda está a “assimilar” a notícia da morte de Diogo Jota e do irmão André Silva.
Como já referido, Jota vestia o vermelho da seleção nacional desde 2019 e recentemente conquistado a segunda Liga das Nações, na Alemanha. Ouvido pela TSF, o antigo selecionador Fernando Santos lembrou a relação "muito forte" que o jogador tinha com toda a equipa e confessou: “Ele adorava a seleção!” Já numa mensagem nas redes sociais, Cristiano Ronaldo escreveu que a morte de Diogo Jota "não faz sentido": "Ainda agora estávamos juntos na seleção, ainda agora tinhas casado."
À tua família, à tua mulher e aos teus filhos, envio os meus sentimentos e desejo-lhes toda a força do mundo. Sei que estarás sempre com eles. Descansem em Paz, Diogo e André. Vamos todos sentir a vossa falta.
Se os jovens querem um ídolo ou um símbolo de inspiração, podem escolher Diogo Jota. Pelo menos para Paulo Menezes, antigo presidente do Paços de Ferreira, esta será sempre “a escolha certa”. Paulo Menezes cruzou-se com o jovem de 28 anos e ainda não conseguiu “assimilar” a notícia da sua morte. Esta quinta-feira, ouvido pela TSF, recordou a dimensão desportista e pessoal, considerando-as “coincidentes em tudo aquilo que era a humildade, o trabalho e dedicação”.
Mas não é só o futebol português que está de luto. De "corações partidos" e "devastados", clubes ingleses também enviaram as condolências à família de Diogo Jota.
Para o Liverpool, trata-se de uma “perda inimaginável”.
O Chelsea escolheu a palavra "devastado" para ilustrar como está a reagir, enquanto no Manchester City estão "todos chocados e tristes" com a notícia. O clube inglês recorreu a uma imagem de Diogo Jota com Bernardo Silva para ilustrar a publicação que fez nas redes sociais.
O Wolverhampton está de "coração partido". Na TSF, Rui Pedro Silva, adjunto nos Wolves quando Jota lá jogou, sublinhou o lado desportista do internacional português, mas, acima de tudo, o lado humano: "Enquanto amigo merecia cinco bolas de ouro."
Avesso à derrota e sempre pronto a ser o melhor dentro do relvado, o dianteiro era conhecido por treinadores e pessoas próximas como uma pessoa discreta fora das quatro linhas, que, além do futebol, nutria o gosto pelos videojogos, nomeadamente o Football Manager, um simulador de gestão de equipas de futebol.
Diogo Jota partilhava, aliás, esse passatempo com André Silva, único irmão, que jogava como atacante no Penafiel, da II Liga portuguesa, após passagens pela formação de Gondomar, FC Porto e Paços de Ferreira e pelas equipas seniores de Gondomar e Boavista.
O acidente desta quinta-feira em Cernadilla, na província espanhola de Zamora, encerrou um percurso de um jogador utilizado como extremo, como ponta de lança ou em parelha com outro avançado, oportuno na hora de se desmarcar e competente na hora de finalizar, com qualquer dos pés ou de cabeça.