Pedro Nuno Santos rejeita “pressões” de Marcelo para Orçamento. Bugalho sem pedido de desculpas do PS
O socialista atira a Marcelo Rebelo de Sousa, que deixou avisos sobre o possível chumbo do OE
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Pedro Nuno Santos rejeita a pressão de Marcelo Rebelo de Sousa, depois do alerta do Presidente para um possível chumbo do Orçamento do Estado, que abre uma crise política e compromete a execução do Plano de Recuperação e Resiliência. O secretário-geral do PS pede a Marcelo que “respeite” a posição dos diferentes partidos e avisa que "não é por mais ou menos pressões que o PS votará a favor".
Embora “não se sinta pressionado” pelo Presidente da República, Pedro Nuno Santos aproveitou a campanha para as europeias, ao lado de Marta Temido, em Portimão, para não deixar Marcelo Rebelo de Sousa sem resposta.
“Aparentemente, o Presidente da República acha que os diferentes grupos parlamentares devem viabilizar o Orçamento do Estado mesmo que discordem dele. Sem o ver, mesmo que discordem. Bom, nós temos um entendimento diferente”, acrescentou.
O entendimento do PS é pela viabilização apenas se a Aliança Democrática se aproximar das posições socialistas, uma discussão que ainda não começou. Pedro Nuno Santos lembra até que há uns meses o país era governado por uma maioria absoluta (e o Presidente dissolveu o Parlamento).
“O Presidente da República, se quisesse garantir que o Orçamento para 2025 passava, não tinha dissolvido a Assembleia da República”, atirou, lembrando que o PS apresentou uma solução para um Governo alternativo ao de António Costa.
As palavras de Marcelo Rebelo de Sousa dão a entender que, com o chumbo do Orçamento, o país segue novamente para eleições, possivelmente, no início de 2025. Pedro Nuno Santos, por outro lado, sacode eventuais responsabilidades.
“A crise política não é responsabilidade de quem vota em conformidade com os seus valores e com o seu programa eleitoral. Isso deve ser profundamente respeitado. Caso contrário, estamos a desvirtuar a democracia”, respondeu.
Logo na noite eleitoral das eleições legislativas, Pedro Nuno Santos admitiu que é “praticamente impossível” a aprovação do Orçamento do Estado da Aliança Democrática, embora “praticamente” não seja sinónimo de “impossível”. Certo é que, nesta altura, Pedro Nuno Santos vê o Governo cada vez mais distante.
“De facto, cada pacote de medidas que a direita vai apresentando estamos mais distantes. Têm uma visão diferente da nossa”, disse.
Há, no entanto, margem para a discussão. Pedro Nuno Santos pede “cada coisa a seu tempo”. Por agora, é tempo de campanha eleitoral para as eleições europeias, com o PS a levar a caravana até ao Algarve.
PS não pede desculpa a Sebastião Bugalho
Em Portimão, Pedro Nuno Santos juntou-se a Marta Temido, que no debate de terça-feira chamou “imaturo” a Sebastião Bugalho, o que levou o candidato da AD a exigir um pedido de desculpas. A socialista não desarma.
“Classificar como uma festa a visita de um Presidente de um país em guerra, para pedir a ajuda militar, é uma festa?”, perguntou. A resposta surgiu por Pedro Nuno Santos: “A vinda do Presidente da Ucrânia não é nenhuma festa”.
Pedro Nuno Santos nota até que “não há nenhuma questão” sobre as palavras da socialista, e aconselha Sebastião Bugalho “a não se vitimizar”. Mas nem Pedro Nuno Santos, nem Marta Temido voltaram a repetir a palavra “imaturo” para classificar o adversário político.