O que torna a música lusófona tão especial? "Miúdos que são autênticos poetas", "ritmos que ficam" e "muito trabalho"
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O Sol já brilha na Caparica num festival que aposta fortemente em quem canta, sobretudo, na língua de Camões. A TSF quis saber o que, na opinião dos festivaleiros, torna a música lusófona tão especial: a "alma", mas também a "facilidade em compreender".
Sofia, de Coina (Barreiro), é "supostamente a adulta responsável" pela neta, fã de Plutónio e Dillaz, e por uma amiga da família fã de David Carreira. "Sempre gostei de concertos. A minha filha não gosta, mas a minha neta gosta, então eu acompanho-a", explica.
Não toca n'O Sol da Caparica quem esta avó queria ouvir: o Piruka.
Estes miúdos novos, estes rappers, eles cantam a sua realidade, expõem a sua vida desde miúdos até ao sucesso. A forma como conseguem fazer rimas é de autênticos poetas. Eu gosto muito de quase toda a música portuguesa, desde Sérgio Godinho, os mais antigos revolucionários, até Xutos & Pontapés, Da Weasel e destes miúdos com muito valor.
Sendo assim, o que é que a música portuguesa tem que não encontra lá fora? "A alma", por exemplo, "a que está no fado", responde de imediato.
Por sua vez, Beatriz, com 24 anos, já assistiu à "energia incrível" de Plutónio num show, mas nem por isso perde a oportunidade de estar sentada à frente do palco às 17h00 desta quinta-feira para ver alguém que só atua às 00h00 de sexta-feira.
Conta à TSF que, há uma semana, esteve com as amigas a traduzir, de inglês para português, músicas de Justin Bieber, Taylor Swift, Katy Perry e Travis Scott: "Realmente não fazem sentido, aqui pelo menos as pessoas tentam passar uma mensagem, normalmente positiva." Ter mais emoção "é muito caraterístico do povo português", assinala ainda.
Já Bruno veio da Amadora até à Costa da Caparica para "dançar e aproveitar" o som de Dillaz, Plutónio e Julinho. Estes artistas têm "ritmos que ficam", considera.
O amadorense trouxe a mulher e os filhos consigo, todos vestidos com padrão tropa, à exceção do jovem rapaz que é "muito envergonhado". A filha Rita apressa-se a falar com a TSF para dizer o que aprecia na música lusófona: "Os artistas entregam-se muito de corpo e alma, vê-se muito o trabalho e a dedicação que têm para atingir os objetivos. Na música portuguesa é mais difícil do que no estrangeiro. Devemos apoiar o que é nosso."
A mãe Maria é mais perentória: "Percebo o que elas dizem."
A 10.ª edição do festival O Sol da Caparica arranca esta quinta-feira e estende-se até domingo. Da Weasel, Plutónio, Richie Campbell, Bispo, Nininho Vaz Maia, Matias Damásio ou Lon3r Johny são alguns dos artistas que vão estar no festival que decorre no Parque Urbano da Costa da Caparica, em Almada, no distrito de Setúbal.
