Após "chantagem" de Montenegro, Liga dos Bombeiros "disponível" para ser "elemento charneira" entre Governo e sapadores
No programa TSF Café Duplo, o eurodeputado do PCP, João Oliveira, acusa Luís Montenegro de adotar uma "postura de chantagem e de ameaça" perante os sapadores-bombeiros. Já a social-democrata Lídia Pereira mostra-se "confiante" na possibilidade de ambas as partes chegarem a um acordo
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Um "elementos charneira", antes de as posições "serem extremadas": é desta forma que o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses expressa "disponibilidade" para mediar o braço de ferro entre Governo e Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, no dia em que ambas as partes se reúnem para discutir as reivindicações desta classe.
As declarações de António Nunes surgem um dia após o aviso final de Luís Montenegro. O Governo "esgotou" a sua capacidade negocial com as entidades representativas dos sapadores-bombeiros e, por isso, avançará "unilateralmente" sem ter em conta as mais recentes aproximações, se o impasse persistir.
Perante esta sentença, em que Luís Montenegro alerta os sapadores-bombeiros para o facto de esta ser a última proposta do Executivo para a valorização salarial, António Nunes afirma, em declarações à TSF, que a está "afastado dessas negociações", permitindo à Liga dos Bombeiros ser "um elemento charneira".
"Se quiserem que nós façamos de ponte entre posições, antes de serem extremadas, a Liga dos Bombeiros Portugueses está disponível para ajudar a que os bombeiros de Portugal tenham as melhores respostas possíveis às suas reivindicações", garante, acrescentando que estas exigências vão "além das próprias remunerações, retribuições e carreias".
No programa TSF Café Duplo, o eurodeputado do PCP, João Oliveira, confessa ter ficado "preocupado" com as declarações do chefe do Governo, acusando-o de ter adotado uma "postura de chantagem e ameaça".
"Quando o primeiro-ministro diz que se os bombeiros quiserem aceitar aquilo que já está negociado ficará assim, se não quiserem aceitar, o Governo decidirá unilateralmente de forma pior, isto não é propriamente uma postura negocial. É uma postura de chantagem e de ameaça", entende.
O comunista aponta que quem se senta à mesa para negociar com o Executivo dificilmente "encarará com bons olhos atitudes destas". Admite, por isso, temer "o pior".
"Não me parece que o primeiro-ministro devesse enveredar por este caminho, se verdadeiramente quer encontrar soluções para os problemas. É um mau ponto de partida e, portanto, temo o pior", confessa.
Já a social-democrata Lídia Pereira sublinha que a última proposta em cima da mesa é um aumento salarial de 37%, faseado até 2027. Defende que este é um "aumento muito significativo", que prova a "disponibilidade do Governo para encontrar uma solução com os bombeiros sapadores". Avisa, contudo, que para haver consenso é "imperativo que haja avanços negociais".
"Tem de haver disponibilidade de ambas as partes. Eu estou confiante de que acabará por haver acordo", revela.
Montenegro pede, por isso, reflexão a cada um dos sapadores-bombeiros e a cada uma das entidades que os representam.
Numa reação a estas palavras, o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) confessou, em declarações à TSF, estar “super indignado” com as declarações transmitidas pelo primeiro-ministro e exigiu a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa e da Assembleia da República (AR).
Para o presidente do SNBS, “isto não é digno de um Estado democrático” e exige-se que Marcelo Rebelo de Sousa “se chegue à frente e peça explicações ao primeiro-ministro".
Ricardo Cunha pede ainda que o Parlamento “faça o papel do Governo” para legislar a parte salarial dos bombeiros “de acordo com aquilo que é o mais correto”.
