Seguro ainda não decidiu se avança para Belém, mas já traça perfil: quer diálogo e “compromisso” entre partidos
“Há muita gente que vai à Constituição para detetar o que um presidente deve fazer. Eu olho para o país e sinto aquilo que um Presidente tem a obrigação de fazer”, diz António José Seguro
Corpo do artigo
António José Seguro ainda está em reflexão. Por enquanto, não decidiu se vai ser candidato a Presidente da República, mas garante que “não está à espera de nada” e nem tem “prazo” para anunciar uma candidatura. Certo é que “olha para o país” e traça o que espera do próximo inquilino do Palácio de Belém: que promova o diálogo para “compromissos” entre as diversas forças partidárias.
“Há muita gente que vai à Constituição para detetar o que um presidente deve fazer. Eu olho para o país e sinto aquilo que um Presidente tem a obrigação de fazer”, atira.
Num almoço-debate, num hotel de Lisboa, promovido pelo International Club of Portugal, um grupo de influência, António José Seguro apresentou “oito metas e objetivos”: entre elas, assegurar que Portugal não depende de fundos europeus para o seu crescimento económico, eliminar a pobreza ou diminuir a dependência energética.
Pede ainda “uma nova cultura política e uma nova atitude” para promover mais diálogo entre os vários partidos, numa altura em que o Parlamento conta com nove forças e colocam-se barreiras, desde logo, ao diálogo com o Chega.
“Nós temos de encontrar, enquanto é tempo, critérios institucionais - já que porventura na cultura política não há tanta disponibilidade para isso - para garantir que futuros governos estão em condições de fazer neste país aquilo que é necessário”, defendeu, de forma a que o país conte com “governos de projeto e não de turno”.
Ou seja, criar condições de “governabilidade” para garantir que os futuros Governo executam políticas de longo prazo.
“Nós vivemos uma cultura de trincheiras, onde ninguém fala uns com os outros. O que está em causa é Portugal. E a democracia vive com escolhas, com opções diferentes, com visões diferentes. Isso é uma pluralidade que enriquece a democracia, mas também vive com compromisso”, acrescentou.
Compromisso é, de resto, a palavra-chave de António José Seguro para os próximos ciclos políticos, num Parlamento cada vez mais dividido. O socialista quer mesmo que se “destrua a ideia de que fazer um pacto, fazer um acordo, é para os fracos”.
"Ah, tu falas com o azul, e tu com o amarelo, e tu com o vermelho, e tu com o encarnado. Desculpem: a democracia é consenso, não é governar uns contra os outros. Na democracia, há oponentes, não há inimigo”, acrescentou, aludindo às cores dos diferentes partidos.