Greve na Menzies afeta voos em Lisboa: sindicato denuncia que há procedimos de segurança a ser ignorados
A greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies já provocou o cancelamento de 19 voos, no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa
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O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) congratula-se a adesão à greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies, que tem tido impactos expressivos, sobretudo no que diz respeito à segurança dos voos, já que, na TAP, os passageiros têm podido "levar para a cabine toda a bagagem que pudessem carregar", incluindo aquela destinada ao porão.
Nas primeiras 18 horas da greve, só no aeroporto de Lisboa, 28 voos foram afetados, após terem partido do aeroporto Humberto Delgado "sem bagagem e carga".
"Isto quer dizer que não havia gente suficiente para proceder ao carregamento da mesma de forma segura e em tempo útil", explica à TSF Carlos Araújo, do sindicato.
Indo mais longe, o sindicalista acusa SPdH/Menzies (antiga Groundforce) de encenação para ocultar o impacto da greve.
"Nos dias anteriores [à greve], à meia-noite, havia aviões abandonados ou estacionados na placa do aeroporto, que não tinham qualquer tipo de assistência porque os trabalhadores foram dispensados daquele dia para virem trabalhar hoje, sexta-feira, para parecer que estava tudo bem", atira.
O SIMA representa cerca de 4% dos aproximadamente 3600 trabalhadores da Menzies, e, segundo o dirigente sindical, cerca de 80% dos associados aderiram à paralisação, a que se juntaram também trabalhadores de outros sindicatos.
Além disso, a greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies já provocou o cancelamento de 19 voos – nove chegadas e dez partidas – no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, segundo dados da ANA – Aeroportos de Portugal enviados à Lusa.
Carlos Araújo afirma ainda que a SPdH/Menzies está a "passar por cima dos normais procedimentos de segurança". O sindicalista garante que o Cross Check, isto é, o procedimento de confrontar visualmente a cara do passageiro, com o cartão de embarque e o documento oficial, não foi "aligeirado", antes foi "cancelado".
Adianta também que na TAP (que detém 49% SPdH/Menzies), os passageiros puderam "levar para a cabine toda a bagagem que pudessem carregar", incluindo aquela destinada ao porão, uma medida que "põe em causa a segurança" do voo.
A TSF já pediu esclarecimentos à TAP sobre esta denúncia, mas ainda não obteve qualquer resposta.
O valor dos salários-base, "muitíssimo inferiores ao salário nacional", são a principal motivação da greve.
"Nenhum português de sua boa-fé concebe a ideia de trabalhadores terem salários-base inferior ao salário mínimo nacional. Por muitas voltas e artimanhas de argumentação que se possa arranjar, o salário-base para horários de trabalho a tempo inteiro tem de ser igual ou superior ao salário mínimo decretado pelo Governo. Ponto final, parágrafo", sustenta.
A greve, convocada pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST), iniciou-se às 00h00 desta sexta-feira e prolonga-se até às 24h00 de segunda-feira.
Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro.
Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 8 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 1 de setembro.
