O secretário-geral da ONU colocou a crise climática no centro das suas preocupações desde o seu primeiro mandato e recorreu mais uma vez à retórica alarmista para sublinhar a urgência de tomar decisões
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O ano de “2024 está a ser uma masterclass em destruição do clima", foi com esta frase que o secretário-geral da ONU, António Guterres, começou esta terça-feira discurso de abertura da COP29, em Baku.
António Guterres, que colocou a crise climática no centro das suas preocupações desde o seu primeiro mandato, recorreu mais uma vez à retórica alarmista para sublinhar a urgência de tomar decisões: "Vamos ouvir o tiquetaque do relógio. Estamos em contagem decrescente para limitar o aumento das temperaturas para 1,5 graus e o tempo não está do nosso lado".
"Os poluidores devem pagar", reiterou, lembrando que o mundo já atingiu o seu recorde de dia mais quente, também o seu mês mais quente "e este vai ser certamente o ano mais quente", disse, recorrendo a um inquérito da Universidade de Oxford e do PNUD (Organização das Nações Unidas).
"É uma mastercalss sobre destruição climática", disse, enumerando momentos de crises humanitárias, como as "inundações que destroem comunidades", ou as "crianças que vão para a cama com fome".
"Os ricos causam o problema e os pobres pagam o preço mais alto", sublinhou, referindo-se a um relatório da Oxfam segundo o qual "os bilionários mais ricos emitem mais carbono em uma hora e meia do que uma pessoa média emite em toda a sua vida".
Guterres recordou também os problemas que os países pobres enfrentam para conceber uma adaptação às energias limpas.
"A diferença entre as necessidades de adaptação e as finanças pode atingir 359 mil milhões em 2030", e isto significa que os países em desenvolvimento terão de alocar um mínimo de 40 mil milhões anuais de 2025 com esse objetivo, o que não conseguirão fazer sozinhos. O financiamento climático não é caridade", frisou.
António Guterres não apontou o dedo a nenhum governo, mas lançou um dardo aos países ou políticos que se agarram aos combustíveis fósseis
"A revolução da energia limpa está aqui. Não há nenhum grupo, nenhuma empresa, nenhum governo que a possa travar", referiu, lembrando que o mundo inteiro está a assistir a "uma aula magistral de destruição climática. Nenhum país está seguro", disse.
A 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29) arrancou na segunda-feira em Baku, no Azerbaijão, e vai decorrer até dia 22.
Nem o presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, nem o seu sucessor, o republicano Donald Trump, vão participar na reunião de Baku, ausências a que se juntam as do chefe do Kremlin, Vladimir Putin, do chinês Xi Jinping, e do brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, também recusou o convite bem como o chanceler alemão, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen.
Na segunda-feira, primeiro dia da cimeira do clima, os países adotaram as novas regras da ONU para o controverso mercado dos créditos de carbono, um passo fundamental para ajudar os países a cumprir as obrigações climáticas.
