Na primeira intervenção pública depois de indicada para o próximo colégio de comissários, Maria Luís Albuquerque acusa o Governo anterior de não a ter apoiado para um cargo de supervisão. Falando em abstrato, defende que "primeiro é preciso pensar que é o candidato de Portugal"
Corpo do artigo
Chegou sem querer falar com os jornalistas naquela que é a primeira aparição pública de Maria Luís Albuquerque depois de escolhida para a Comissão Europeia. E se, no discurso inicial, não escolheu fazer qualquer ataque político, fê-lo nas respostas aos alunos da Universidade de Verão do PSD: "É preciso pensar primeiro que é o candidato de Portugal."
A pergunta estava relacionada com a ocupação de cargos em instituições europeias e a antiga ministra das Finanças recordou quando, em 2021, esteve na calha para dirigir a Autoridade Europeia de Mercados de Valores Mobiliários. Recordando como decorreu o processo até à short list que a deixou a concorrer com um italiano e uma alemã (que acabou por ganhar a vaga), Maria Luís notou que o "impasse arrastou-se por mais de seis meses porque a Itália e Alemanha tinham uma minoria de bloqueio".
Ora, é aí que ataca o anterior Executivo: "Nestas circunstâncias, muitas vezes, a solução é ir para o terceiro candidato. Para isso, é preciso ter apoio político e eu não tive", apontou a futura comissária portuguesa.
Na sequência, falando em abstrato, a antiga governante sublinha que o país precisa de se empenhar "em apoiar portugueses para ocuparem posições de maior relevo para instituições europeias". "É preciso pensar primeiro que é o candidato de Portugal e depois pensar se é o candidato do partido que calha estar ou não do Governo, primeiro é o candidato de Portugal", afirma como que respondendo às críticas de que tem sido alvo por parte da oposição.
Neste jantar conferência, ainda uma nota do passado. Ao percorrer o caminho da memória, à boleia de perguntas dos alunos sobre a governação nos tempos da troika, Maria Luís Albuquerque sublinhou que "annus horribilis" foi o de 2012, ainda antes de ocupar o cargo de ministra.
"Aqueles primeiros tempos foram de facto os mais difíceis, em que se tomaram as medidas mais duras, mais impopulares, mais necessárias à recuperação", diz a antiga governante antes de sacar um dos maiores aplausos da noite: "Eu diria que o país reconheceu Pedro Passos Coelho, nós ganhámos as eleições em 2015."