"Bater no PS." Pacheco Pereira vê declarações da ministra da Saúde como radicalismo contra socialistas
No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN, o social-democrata dá como exemplo a acusação feita por Ana Paula Martins às administrações hospitalares
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José Pacheco Pereira considera que muitas das declarações da ministra da Saúde nos últimos dias são ainda parte do ambiente de radicalismo contra o PS, que não existia antes das eleições legislativas. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, o historiador dá como exemplo a acusação feita por Ana Paula Martins às administrações hospitalares, alegando que são todas fracas.
"Não se pode, ao mesmo tempo, dizer que o nosso aliado preferencial é o Partido Socialista sem ter em conta que toda a campanha foi feita dizendo que os socialistas não prestam para nada. Desse ponto de vista o Chega tem razão. De facto, do ponto de vista político substantivo das propostas, não se pode dizer que houve uma grande vitória da direita sem ter em conta que há uma comunidade de muitos aspetos entre a AD e o Chega. O não é não separou essa comunidade de interesses, mas não se passa de um não é não em relação a pessoas cuja política é mais próxima do atual Governo e depois andar a bater no PS com a violência com que se bateu, insultuosa em muitos casos. Não se vai agora dizer que a gente vai entender bem com o PS. Para se entender bem com o PS não se podem dizer frases como disse a ministra da Saúde", defende Pacheco Pereira.
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, concorda com Pacheco Pereira quanto ao ambiente de radicalização, mas vai mais longe e defende que Ana Paula Martins não é a mais indicada para o cargo de ministra da Saúde porque não tem tato suficiente para uma pasta tão sensível.
"Creio que a ministra tem revelado alguma inabilidade e numa pasta com esta sensibilidade e com esta relevância para o Estado social, a inabilidade do ministro, associada a outras coisas de política pública, parece-me grave. Naturalmente que a generalização veemente e até um pouco agressiva - basta ver as imagens com que a ministra falou das administrações hospitalares - não é correta. Há aqui, de facto, um conjunto de aspetos que me parecem que, tanto quanto é dado ver, retiram algumas condições a esta ministra para fazer uma boa pasta numa área tão importante e fundamental para o Estado social", afirmou Alexandra Leitão.
Quanto ao clima de radicalismo, Miguel Macedo desvaloriza e diz que faz parte do jogo partidário, mas também admite não gostar de generalizações.
"São injustas, resultam em injustiças por muito que a sensação que às vezes exista - e eu muitas vezes tenho essa sensação - de que em Portugal temos muitas chefias e poucos chefes. Com isto quero dizer que o apetite por ser chefe de alguma coisa é muito maior do que a vontade de exercer a chefia, em muitos domínios da administração pública, e isso é de facto um problema", acrescentou Miguel Macedo.