Chega avança com moção de censura: pelo fim de um Governo com "um primeiro-ministro sob suspeita grave"
O partido de André Ventura considera que recaem sobre o primeiro-ministro "suspeitas gravíssimas de incompatibilidade" no exercício de funções públicas
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Foram precisos dois ultimamos, mas a moção de censura prometida pelo Chega avança mesmo. O documento que censura o Governo de Luís Montenegro já deu entrada no Parlamento e o partido liderado por André Ventura considera que recaem sobre o primeiro-ministro "suspeitas gravíssimas de incompatibilidade" no exercício de funções públicas. O título é sugestivo: “Pelo fim de um Governo sem integridade, liderado por um Primeiro-Ministro sob suspeita grave”.
O partido começa por escrever que Luís Montenegro está a “manchar a reputação e a imagem do país”. São passados em revista várias polémicas, pelo que o partido considera que “o Executivo não tem condições técnicas nem éticas para continuar a governar”, num "cenário de total e generalizada descredibilização do Governo e do primeiro-ministro".
A gota de água foi o caso da empresa familiar do primeiro-ministro que pode beneficiar com a nova lei dos solos. O Chega lembra que exigiu uma explicação “cabal e esclarecedora”, que pudesse acabar com as “suspeitas de promiscuidade ou de conflito de interesses”. Mas a explicação de Luís Montenegro, que apenas foi respondendo ao diário Correio da Manhã, não satisfez o partido de André Ventura.
O país não pode, por isso, “ter um Primeiro-Ministro que se recusa a admitir os erros e que tarda em tomar decisões”, num Executivo que conta “com governantes que demonstram total ausência de princípios éticos e de transparência”.
Ora, o partido lembra ainda a demissão do secretário de Estado Hernâni Dias, que criou duas empresas já enquanto governante, que também podem beneficiar com a nova lei dos solos. E também a nomeação de Silvério Regalado para a secretaria de Estado da Coesão Territorial, um antigo autarca que fez ajustes diretos com o escritório de advogados de Montenegro, no valor de 200 mil euros. Razões que levam o chega a escrever que "é chegado o momento de colocar um fim a este Executivo”.
"Se até aqui os problemas surgiam pela mão de governantes diversos, desta vez é o próprio primeiro-ministro quem mancha a reputação e a imagem do país, tanto interna, como externamente", escreve o partido.
De acordo com o regimento da Assembleia da República, “o debate inicia-se no terceiro dia parlamentar subsequente à apresentação da moção de censura”, ou seja, na próxima sexta-feira. A moção que já tem um destino anunciado: o chumbo. Pedro Nuno Santos já respondeu que “não dá para o peditório do Chega”.