Centeno "teve excelente mandato", mas é "legítimo" que Governo "tenha outra opção". Santos Pereira tem "bom currículo"
À TSF, João Leão sublinha que os "atritos e alertas" fazem parte do papel do governador do Banco de Portugal: "Não se espera de um governador que seja calado. Não seria adequado ter um governador que não desse alertas sobre os principais riscos para a estabilidade económica e financeira do país"
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O antigo ministro das Finanças João Leão defende que Mário Centeno teve "um excelente" mandato como governador do Banco de Portugal (BdP). Ainda assim, considera "legítimo" que o Governo possa ter outra opção para a instituição.
Em declarações à TSF, João Leão deixa largos elogios a Centeno, que está à frente do BdP desde 20 de julho de 2020. Destaca, desde logo, a "postura adequada" adotada no "grande desafio que foi o combate à inflação".
"Mário Centeno sempre se posicionou numa linha moderada que acabou por prevalecer e correu muito bem, em vez de uma medida mais dura mais nas taxas de juro, que podiam ter levado a uma recessão e aumento do desemprego na Europa", sustenta.
Ao nível da política monetária e do Banco Central Europeu, o antigo ministro socialista destaca as boas relações mantidas. "Mário Centeno também ganhou um grande prestígio internacional. É um dos governadores mais conhecidos e mais prestigiados na Europa", ressalva, acrescentando que, a nível interno, "os atritos e alertas" também fazem parte do papel de governador.
É isso que se espera de um governador. Não se espera de um governador que seja calado, que não tenha as suas intervenções. Não seria adequado ter um governador que não desse alertas sobre os principais riscos para a estabilidade económica e financeira do país.
Ainda que considere que Mário Centeno tem "todas as condições para se manter no cargo", para João Leão é "legítimo" que o Governo "possa ter outra opção" e acabe por escolher outro nome.
Um dos nomes já apontados por vários órgãos de comunicação social como possível sucessor de Centeno é Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e do Trabalho, durante o Governo de Pedro Passos Coelho, e atualmente economista-chefe da OCDE.
Sobre o perfil de Santos Pereira, o antigo governante destaca o "excelente currículo", que não passa apenas pela experiência na "construção da política governativa" e nas áreas económicas. "É um académico na área da economia, tem exercido altos cargos a nível Internacional, nomeadamente na OCDE. Tem uma boa experiência, um bom currículo e esperemos que faça - se se confirmar o nome - um bom mandato", expressa.
Sobre a forma como é escolhido o governador, João Leão admite que a realização de um concurso podia ser uma opção, "desde que desse concurso contassem alguns nomes para dar alguma margem para o Governo tomar uma decisão". Ainda que seja prática em Inglaterra e noutros países anglo-saxónicos, sublinha que não é a "mais comum".
"Desde que o Governo faça, como tem feito nos últimos anos, a escolha de uma pessoa de grande prestígio, em consulta também com as diferentes relações políticas, alguém que seja de grande credibilidade, penso que atualmente também é um método adequado. Não vejo uma grande necessidade de mudança", admite.
