Energias renováveis. Partidos querem menos burocracia e "assegurar que os investimentos acontecem"
A Associação Portuguesa de Energias Renováveis juntou à mesma mesa alguns partidos políticos para discutir o tema.
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As promessas dos partidos sobre energias renováveis em Portugal passam por menos burocracia do Estado. A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), que representa o setor, aproveitou o debate eleitoral para juntar à mesma mesa alguns partidos políticos e as forças políticas reconheceram que, para cumprir as metas de descarbonização, ainda falta instalar muita capacidade de produção.
O Partido Socialista fala mesmo em mais do que duplicar a capacidade instalada de renováveis. Miguel Costa Matos não quer, no entanto, que a questão tarifária impeça este investimento.
"Seja nos grandes projetos de investimento e capacitação da rede, seja do ponto de vista do solar descentralizado, a nossa aposta é muito clara do ponto de vista de nós não podermos ficar limitados por uma opção com as tarifas. Nós temos é que assegurar que os investimentos acontecem e depois a redução das tarifas virá como consequência”, explicou Miguel Costa Matos.
Os socialistas pensam que tudo está feito neste setor em termos legislativos, mas para o PSD há ainda trabalho a fazer.
“Nós assumimos que há hoje deficiências, incapacidade da rede que existe para servir essa transição, a produção descentralizada e as comunidades de energia, onde há ainda muito trabalho a fazer e há muito trabalho a fazer, designadamente, na dimensão burocrática”, defendeu António Leitão Amaro.
Já a Iniciativa Liberal, pela voz de Jorge Teixeira, abre a porta a que as renováveis se instalem em novos territórios.
“Como é que nós olhamos para as áreas protegidas em Portugal e o que é que nós pretendemos das áreas protegidas? Porque neste momento temos um modelo que está relativamente congelado. Aquilo que temos é simplesmente um mecanismo de bloqueio ao desenvolvimento de vários projetos que também têm imensos benefícios ambientais, embora do ponto de vista da descarbonização”, afirmou Jorge Teixeira.
O debate alertou para a insuficiência dos serviços da Direção-Geral da Energia para fazer face à procura dos investidores, mas Jorge Costa, do Bloco de Esquerda, não quer facilitismo.
“O Simplex, muitas vezes, fica muito perto do vale tudo e isso é que não pode ser. Há outra burocracia, que não é exatamente burocracia, muitas vezes até é falta de burocracia. É o facto de não termos gente suficiente nos serviços. Precisamos de mais capacidade para que os serviços sejam mais eficientes e rápidos”, sublinhou Jorge Costa.
No centro da discussão esteve também um tema onde todos estão de acordo: Portugal tem que assumir que no processo de transição energética não volta a ser refém das rendas excessivas pagas aos produtores.