"Não temos comboios encostados." Trabalhadores da CP "revoltados" com eventual cedência de carruagens à Fertagus
"Precisamos dos comboios para cumprir o contrato de serviço público", assegura Catarina Cardoso em declarações à TSF
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A Comissão de Trabalhadores da CP assegura que não há comboios "encostados" e a possibilidade de direcionar algumas carruagens da CP para a Fertagus, admitida no Parlamento por Luís Montenegro, deixou os trabalhadores da empresa revoltados.
"Essa notícia posso dizer que causou uma revolta generalizada em todos os trabalhadores da CP, em todas as categorias profissionais. É transversal a toda a toda a empresa. Isto é intolerável, porque nós acabámos há cerca de duas ou três semanas um investimento da inovação dessas unidades no valor de mais de sete milhões de euros. Portanto, agora que as unidades estão um brinquinho para ir para o serviço, são retiradas à CP", revela Catarina Cardoso, porta-voz da Comissão de Trabalhadores da CP, à TSF.
A empresa até já foi multada por não ter essas carruagens em funcionamento: "Recordo que no ano passado nós fomos multados pela reguladora do setor em cerca de 15% do nosso resultado líquido positivo por não conseguirmos cumprir com o contrato de serviço público. Nós precisamos dos comboios para cumprir o contrato de serviço público."
A existência de carruagens a mais na CP também é desmentida por Catarina Cardoso, garantindo que os trabalhadores vão fazer tudo para que o Governo não avance com a cedência de carruagens à Fertagus.
"Neste momento não existem composições que possam ser direcionadas para o serviço. Nós não estamos a usar todas as unidades que temos. Fizemos hoje um pedido de retificação a um título do Público que dizia que tínhamos comboios encostados. Nós não temos comboios encostados. Aliás, pelo contrário, estamos a recuperar comboios que estavam emprestados. Os trabalhadores e as suas organizações representativos levarão todos os meios que têm para fazer face a esse anunciado desígnio do Governo", garante.
Catarina Cardoso considera que o fim da exclusividade da linha da Fertagus poderia resolver o problema de sobrelotação nessa linha ferroviária.