"Pessoas não podem voltar para casa." Rio Grande do Sul espera inundações e "grande volume de chuva" nos próximos dias
Já são mais de 140 os mortos nas inundações no Rio Grande do Sul. O vice-governador do estado prevê que a cidade de Porto Alegre volte a ficar inundada
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As chuvas fortes e as inundações já fizeram 144 mortos no Rio Grande do Sul, no Brasil. O último balanço aponta também para 125 desaparecidos e mais de 618 mil pessoas desalojadas. A situação pode agravar-se, uma vez que as previsões apontam para chuvas fortes nos próximos dias. O vice-governador do estado do Rio Grande do Sul prevê que a cidade de Porto Alegre volte a ficar inundada. Em entrevista à CNN Brasil, Gabriel Souza pediu aos moradores da região que continuem protegidos nos abrigos.
"São vários os rios que escooam as suas águas em direção ao Guaíba. Como essas chuvas que estão a acontecer vão acabar sobrecarregando aqueles rios, essas águas vão-se movendo para o lado do Guaíba durante os próximos dias, fazendo com que, certamente, nos próximos dias, a cidade de Porto Alegre fique tão inundada quando estivemos com elas inundadas nos últimos dias. As pessoas não podem voltar para suas casas ainda, infelizmente, sabemos o desconforto que é ficar em abrigos públicos ou em casas de terceiros, como parentes e amigos, mas infelizmente essa situação deve perdurar por mais alguns dias", explica Gabriel Souza.
As autoridades brasileiras estão a preparar-se para um cenário ainda pior, com os grandes rios da região a subirem cada vez mais. Em declarações à TSF, a tenente Sabrina Ribas, da defesa civil estadual, conta que não há nada de bom no horizonte.
"Temos ainda um grande volume de chuva para chegar nos próximos dias e as bacias, que já estão inundadas, têm tendência para subir. A nossa sala de situação disse-nos que os níveis vão manter-se elevados, pelo menos, durante mais duas semanas", refere.
Há mais de 80 mil pessoas em abrigos provisórios. As ajudas vão chegando de todos os lados. "Os municípios têm-se organizado e nós também vimos manifestações da própria sociedade civil que se organizou, igrejas, clubes de serviços, escolas, recebemos ajuda humanitária de países como Estados Unidos, Portugal, Alemanha e Uruguai."
O Governo brasileiro promete 10.000 milhões de reais para a reconstrução do Rio Grande do Sul. No entanto, como se espera mais destruição, definem-se aquelas que são as necessidades mais urgentes.
"O primeiro momento é o atendimento de um item mais básico, que é a alimentação e água. Com essas pessoas em abrigos, preocupamo-nos com os alojamento, onde vão ficar, como vão vestir-se, e cobertores", sublinha.
Voluntários e socorristas conseguiram salvar da fúria das águas 76.000 pessoas, mas também mais de 10.000 animais. "Não apenas animais domésticos, tendo em vista que as inundações atingem todos, incluindo áreas rurais." Um desses exemplos foi Caramelo, o cavalo resgatado de uma ponta de telhado onde passou dias num equilíbrio de artista. As equipas de resgate também vão salvando a vida a milhares de porcos, galinhas, cães ou vacas.
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