Disse o nome completo, "errou o da mãe". O que afirmou e os lapsos de Salgado na passagem pelo tribunal
O advogado do antigo presidente do BES garante que "ninguém quer repetir este cenário"
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Dez anos depois, começou esta terça-feira o julgamento do caso BES/GES com o antigo banqueiro Ricardo Salgado a voltar a tribunal, mesmo após ter sido diagnosticado com Alzheimer. Sem "condição nenhuma de sobrevivência", Salgado conseguiu dizer o nome completo, mas deixou por responder sobre a morada atual, a data de nascimento e também errou o nome da mãe.
Em declarações aos jornalistas, após Ricardo Salgado ter sido identificado formalmente e dispensado pelo tribunal, o advogado Francisco Proença de Carvalho sublinhou que "ninguém quer repetir este cenário" e que esta terça-feira abriu-se "uma página negra na Justiça portuguesa".
"Sabemos como este tipo de pessoas são tratadas no mundo civilizado e ficámos a saber como são tratadas num mundo incivilizado que eu achava, pelo menos, que Portugal não estava", disse.
“Esta pessoa não tem condição nenhuma de sobrevivência num ambiente deste género”, salientou, sustentando que Salgado respondeu "morada errada, nome da mãe errado". "Tudo bastante ao lado, nem data de nascimento sabia", afirmou.
O antigo presidente do BES é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014. Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.