"O mais depressa possível." Montenegro diz que há "todas as condições" para eleições a 11 de maio
O chefe do Governo em gestão garante ainda que, apesar de um cenário provável de eleições antecipadas, que não são "desejáveis", existem "todas as razões para dizer a Portugal que não vai haver uma perturbação neste período"
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O primeiro-ministro em gestão afirmou esta quarta-feira não querer "antecipar" qualquer decisão do Presidente da República. Ainda assim, Luís Montenegro quer "eleições num curto espaço de tempo" e admitiu que existem "todas as condições" para que se realizem a 11 de maio.
Luís Montenegro falava à saída de uma audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém, onde Marcelo Rebelo de Sousa recebe esta quarta-feira todos os partidos com assento parlamentar, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP causada pelo chumbo da moção de confiança ao Executivo.
O chefe do Governo garantiu que, apesar de um cenário provável de eleições antecipadas, que não são "desejáveis", o Governo "tem todas as razões para dizer a Portugal que não vai haver uma perturbação neste período".
"O país vive uma situação de consolidação do seu percurso económico e financeiro, felizmente estamos com uma taxa de crescimento económico, com um dinamismo da nossa economia que é dos melhores desempenhos da Europa, estamos com um equilíbrio nas nossas finanças públicas que é também dos melhores da Europa, estamos com um nível de emprego especialmente alto e com um nível de desemprego especialmente baixo", afirmou.
Por isso, defendeu, "é importante que se diga que não há razão para alarme, não há razão para que os instrumentos democráticos não possam funcionar de maneira a não penalizar a vida das pessoas".
Já em tom de campanha pré-eleitoral, Montenegro nomeiou também um "exemplo impactante" que comprova que a situação política atual não tem "reflexos no essencial da atividade económica": a decisão da Volkswagen de atribuir à AutoEuropa a produção do seu novo automóvel elétrico, algo que já tinha mencionado durante o debate da moção de confiança esta terça-feira no Parlamento.
Procurando dar "aos portugueses uma palavra de tranquilidade", reforçou que as eleições antecipadas "devem decorrer o mais rápido possível".
"Compreendemos a apreensão com a precipitação de uma nova eleição legislativa", referiu.
O chefe do Governo disse ainda esperar que a clarificação do caso que envolve a empresa Spinumviva possa ser resolvida "nos próximos dois meses", a fim de conseguir construir um futuro com mais "justiça social".
Questionado sobre se vai voltar a garantir, como nas últimas legislativas, que só será primeiro-ministro se vencer, Montenegro respondeu: "Se há justiça que me podem fazer, é que eu fui muito claro relativamente às condições que impunha a mim mesmo e ao meu partido para exercer a liderança do Governo na última campanha eleitoral e, portanto, não tenham de esperar de mim uma circunstância diferente na próxima campanha."
Já questionado se admite dar condições de governabilidade ao PS se este vencer, como pediu o líder do partido, Pedro Nuno Santos, na terça-feira, voltou a remeter esses cenários para o futuro.
"Vamos ter ocasião de contextualizar os projetos políticos que se apresentarão a votos, se for essa a decisão, como é expectável que seja, do senhor Presidente da República e nessa ocasião não nos furtaremos a dar todas as respostas", assegurou.
Montenegro disse que ainda os cenários pós-eleitorais "serão naturalmente objeto de debate na campanha eleitoral, para que as portuguesas e os portugueses possam estar habilitados com todos os elementos para ponderarem o seu sentido de voto e para se pronunciarem sobre aquilo que é o seu desejo para o futuro do país, da governação".
O primeiro-ministro defendeu que este é o tempo de os partidos entregarem ao Presidente da República a sua análise da situação política e na quinta-feira de os conselheiros de Estado darem também o seu contributo.
"Se essa posição for, como é expectável, a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições, o período seguinte será o da apresentação de candidaturas, de projetos e a discussão de ideias com vista à tomada de posição por parte das portuguesas e dos portugueses. E é nisso que nós nos concentraremos nas próximas semanas", afirmou.