José Luís Carneiro garante que "consoante estão hoje" PS vota contra novas leis da imigração
O líder socialista dá um exemplo: "Nós entendemos que os cidadãos oriundos dos países de língua oficial portuguesa, até por razões que têm que ver não só com a nossa relação histórica, mas com razões relativas à nossa política externa devem ter um tratamento de reciprocidade"
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O novo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, assegurou esta terça-feira que, tal como está, os socialistas não poderão votar a favor dos diplomas do Governo relativos à imigração.
"Consoante ela está hoje, ela não tem condições para ter o voto favorável do PS. É preciso que o Governo abra a possibilidade de haver uma discussão sobre a matéria em apreço (...) Há dimensões da legislação em curso que não podem contar com o voto favorável do PS (...) Por exemplo, nós entendemos que os cidadãos oriundos dos países de língua oficial portuguesa, até por razões que têm que ver não só com a nossa relação histórica, mas com razões relativas à nossa política externa devem ter um tratamento de reciprocidade", disse o líder socialista à saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém.
José Luís Carneiro garante que o PS "é um partido responsável e construtivo" e quer "afirmar uma alternativa política ao Governo".
"Estaremos para cooperar e desenvolver um diálogo construtivo naquilo que tem a ver com matérias fundamentais do Estado. Há matérias que não tratámos, como o Orçamento do Estado, mas é uma posição já conhecida. Nós temos a expectativa de que o Governo compreenda quais são os alicerces do Estado Social que nós construímos enquanto comunidade", garantiu.
Questionado sobre a averiguação preventiva ao primeiro-ministro e à tentativa de Luís Montenegro de evitar que parte da declaração de rendimentos seja tornada pública, o líder do PS deixa a reposta nas mãos da Justiça.
"São matérias que estão na esfera da Justiça e temos de esperar que a Justiça faça o seu trabalho (...) Aquilo que espero das instituições que administram a Justiça é que cumpram escrupulosamente os seus deveres e as exigências que fazem. Nem mais, nem menos", considera.
José Luís Carneiro aponta que sempre esteve "investido de funções e responsabilidades que exigiram uma grande entrega e um enorme sentido de serviço público" e afirma que "ser líder da oposição é uma posição difícil, mas é para isso que servem as lideranças políticas".
"Não vim tratar de assuntos internos do PS com o Presidente da República", respondeu José Luís Carneiro à questão sobre o congresso do partido, assegurando ter uma relação de "grande cordialidade" com Marcelo Rebelo de Sousa.
A conversa com o chefe de Estado também incidiu sobre o aumento do orçamento para a defesa: "Deixei ficar uma clara intenção de contribuirmos para que este esforço que o país está a fazer para reforçar as capacidades europeias em termos de defesa possa contribuir para o desenvolvimento da nossa economia nacional."
Ainda assim, o PS que "garantir que o investimento em defesa não coloca em causa funções sociais e de coesão territorial e económica".