A crise no Médio Oriente será também um tema incontornável no debate dos 27, que reafirmarão “o apoio à ONU e ao seu secretário-geral”
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Os 27 reúnem-se, esta quinta-feira, em Bruxelas, numa cimeira que contará com a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. No entanto, a crise no Médio Oriente e as migrações serão temas em destaque no debate dos líderes europeus.
Com Volodymyr Zelensky presente na cimeira, a Ucrânia volta a ser o tema principal do encontro em Bruxelas, numa altura em que o presidente ucraniano apresenta aos 27 aquilo a que chama um plano de vitória, cujo ponto central é a recuperação total do território ocupado pelas tropas russas.
“Ouviremos o Presidente Zelensky sobre o seu plano de vitória proposto e trabalharemos nos próximos passos para construir o consenso em torno de uma iniciativa de paz assente nos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional”, antecipou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Em cima da mesa estará também o apoio militar a Kiev e um debate sobre o reforço do setor energético da Ucrânia, depois de Moscovo ter retomado os bombardeamentos à infraestrutura elétrica do país vizinho.
“Devemos avaliar o apoio prestado até agora e intensificar os nossos esforços à medida que o inverno se aproxima”, defende Charles Michel, alertando que “com mais de metade da infraestrutura energética da Ucrânia destruída, os esforços de preparação para o inverno precisam de atenção urgente”.
“Vamos também reforçar o nosso foco no compromisso financeiro com a Ucrânia. Espero que cumpramos o compromisso assumido em junho, juntamente com os parceiros do G7, de fornecer aproximadamente 45 mil milhões de euros (50 mil milhões de dólares) até ao final do ano para apoiar as necessidades militares, orçamentais e de reconstrução da Ucrânia”, frisou.
Médio Oriente
A crise humanitária em Gaza e no Líbano será outro dos temas em discussão, com o apelo de Charles Michel para que os 27 pressionem Israel e o Hezbollah para a diminuição do conflito e para um cessar-fogo sustentável, reconhecendo que a situação está a piorar cada vez mais.
“No terreno, a situação humanitária está a piorar, com um número inaceitável de vítimas civis inocentes. Um cessar-fogo imediato e a libertação de reféns continuam a ser prioridades. O Conselho Europeu deve pressionar firmemente pela desescalada e insistir no respeito pelo direito internacional e humanitário”, declarou, condenando ainda os ataques à força de manutenção de paz da ONU.
“Os recentes ataques contra os capacetes azuis da ONU no sul do Líbano são irresponsáveis e inaceitáveis”, reiterou o presidente do Conselho Europeu, insistindo que “a segurança do pessoal da ONU e dos trabalhadores humanitários deve ser protegida”.
“Reafirmaremos também o nosso forte apoio à ONU e ao seu Secretário-Geral”, afirmou ainda o presidente do Conselho Europeu, a propósito da posição de Telavive de declarar Guterres como persona non grata em Israel.
Migração
Outro dos temas em destaque na cimeira será a migração, depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter colocado em cima da mesa a possibilidade da criação de centros de deportação na Albânia, para acolher migrantes em situação irregular. Os centros seriam usados para enviar migrantes em situação irregular para fora do território europeu.
A ideia, já executada por Itália, é controversa, e vários governos consideram que se trata de uma opção indigna e contrária aos direitos humanos. Por isso, não são esperados grandes avanços nesta discussão.