Ex-marido de Pelicot condenado à pena máxima de 20 anos de cadeia, todos os arguidos considerados culpados de violação
Os outros 50 arguidos também foram declarados culpados, mas as penas aplicadas foram inferiores às exigidas pelos procuradores
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O principal arguido e ex-marido de Gisèle Pelicot, Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado esta quinta-feira à pena máxima de 20 anos de prisão pelo Tribunal de Avignon, no sul de França, por violação agravada. Os outros 50 arguidos também foram declarados culpados, mas as penas aplicadas foram inferiores às exigidas pelos procuradores.
Gisèle Pelicot foi recebida, esta manhã, no tribunal por muitas mulheres e homens que ergueram cartazes para exigir justiça e quiseram assistir ao momento decisivo do processo.
O ex-marido de Gisèle Pelicot foi reconhecido culpado de todos os crimes de que era acusado, incluindo violação agravada, tentativa de violação, bem como pela gravação de imagens de conteúdo sexual envolvendo a sua filha Caroline. Foi condenado a 20 anos de prisão, a pena máxima prevista para os crimes cometidos.
Béatrice Zavarro, advogada de Dominique Pelicot, anunciou que vão utilizar o tempo que a lei lhes concede para decidir se vão recorrer desta decisão. “O Senhor Pelicot tomou conhecimento desta decisão e vamos aproveitar o prazo de dez dias que nos é concedido para decidir se iremos interpor recurso. No momento em que falo, nenhuma decisão foi tomada", declarou a advogada do acusado.
O tribunal anunciou penas entre 3 e 15 anos de prisão, abaixo das requisições que variavam entre 4 e 18 anos de reclusão criminal, para os coacusados de Dominique Pelicot.
A grande maioria dos acusados recebeu penas abaixo dos 10 anos de prisão, e alguns, apesar de condenados, saíram em liberdade, uma vez que não foram emitidos mandados de prisão preventiva.
O julgamento, que se iniciou há três meses, teve uma grande repercussão social, com os debates e os momentos marcantes da audiência a ganharem uma enorme visibilidade na sociedade. À frente do tribunal, várias mulheres mostraram a sua revolta contra condenações que consideram baixas.
Os factos em julgamento ocorreram entre 2011 e 2020, primeiro na região de Paris e, a partir de 2013, na casa para onde o casal Pelicot se mudou quando ambos se reformaram, situada em Mazan, uma aldeia de 6.000 habitantes perto de Avignon. As provas de todos os crimes foram encontradas pela polícia em mais de 20.000 vídeos e fotografias presentes no computador de Dominique em 2020, depois de ter sido detido por filmar por baixo das saias de mulheres num supermercado, que levaram os investigadores a contar 72 violadores, sem conseguir identificar todos.
Notícia atualizada às 10h57
