Nadadores-salvadores fazem "omeletes sem ovos": fim da manifestação de interesses para imigrantes põe em risco vigilância das praias
Na TSF, Alexandre Tadeia diz que "quem está no terreno está a fazer omeletes sem ovos". O presidente da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores mostra-se "bastante" apreensivo com o arranque da época balnear
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A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores alertou, este sábado, para a dificuldade de recrutar profissionais para dar resposta à época balnear, que arrancou na quinta-feira em quatro municípios do país e se prolonga até 31 de outubro. Na TSF, o presidente Alexandre Tadeia manifestou ainda "preocupação" com o fim da manifestação de interesses para os imigrantes, sublinhando que está em risco o dispositivo de segurança exigido por lei nas praias marítimas e fluviais.
Ouvido pela TSF, Alexandre Tadeia começou por lembrar que a “maioria dos nadadores-salvadores, em Portugal, são estudantes” e, por isso, é “fundamental” a ajuda de pessoas estrangeiras.
“Mesmo com a presença deles já era difícil”, atirou, considerando que o cenário só piora com o fim da manifestação de interesses para os imigrantes.
“Estamos muito apreensivos com este arranque de época balnear e estamos bastante preocupados, porque efetivamente não sabemos se vamos conseguir ter, em Portugal, as nossas praias marítimas e algumas fluviais também com o dispositivo de segurança que a lei exige”, confessou.
Para Alexandre Tadeira, "tem de existir vontade política" para, "de facto", melhorarmos. Além disso, as autarquias não podem deixar nas mãos dos concessionários a assistência aos banhistas, quando têm dinheiro para o fazer, considerou.
Quem está no terreno está a fazer omeletes sem ovos. (...) Se nada mudar, vamos continuar a assistir a uma média, tal como tivemos nos últimos anos, de 129 mortes por afogamento em Portugal. Se queremos baixar, temos que aumentar a vigilância.
A abertura da época balnear deste ano, que será feita de forma progressiva, teve lugar na quinta-feira, nos concelhos de Cascais e Oeiras, do distrito de Lisboa, e nos municípios de Porto Moniz e Porto Santo, no arquipélago da Madeira.
Numa segunda fase, a partir de 15 de maio está prevista a abertura da época balnear nas praias do concelho de Albufeira (distrito de Faro) e, numa terceira, a partir de 1 de junho, as águas balneares do centro e sul do país.
Já a partir de 15 de junho decorrerá a abertura da maioria das praias do norte do país.
Nas águas interiores, o início da época balnear vai ocorrendo entre junho e julho.
A calendarização é definida todos os anos em portaria, publicada em Diário da República, que identifica as águas balneares e a definição da respetiva época, considerando-se até lá que, a nível nacional, decorre de 1 de maio a 30 de outubro.
Entre essas datas, as câmaras municipais determinam quando se inicia e termina a época balnear no seu território, optando algumas por começar mais cedo e terminar mais tarde.
