"Quem esperava fraqueza, encontrou força, unidade e determinação." Paulo Raimundo garante que PCP está a "resistir"
O novo Comité Central do PCP foi eleito este sábado no 22.º Congresso do partido, em Loures, com seis votos contra e oito abstenções, e consagra uma direção comunista com menos membros, mais jovem e com mais mulheres
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O secretário-geral do PCP discursa este domingo durante o encerramento da reunião magna do partido, em Almada. Paulo Raimundo afirma que aqueles que esperavam que confundisse "resistência com desistência", acabou por encontrar um partido que está a "resistir".
"Sim, a resistir, mas uma resistência que não fica à espera, que se lança na luta para acumular forças e avançar. Quem esperava fraqueza, encontrou força, unidade, determinação, encontrou confiança e coragem. Quem esperava isolamento, encontrou um partido ligado à vida e à realidade, disponível e empenhado em juntar forças com todos aqueles que justamente estão preocupados com o rumo atual do país. Quem esperava estagnação, encontrou a criatividade da juventude e a força da JCP", destaca.
O bispo de Setúbal, Américo Aguiar, afirmou que esteve este domingo presente no congresso do PCP pela importância de os partidos estarem próximos das pessoas e admitiu que poderá também comparecer num congresso do Chega ou do BE.
O líder dos comunistas considera que "uma minoria capturou" Portugal, mas sublinha que os cidadãos não estão "condenado às desigualdades". Lamenta que os governos atuais não tenham encontrado soluções para os problemas com que têm sido confrontados e tenham, pelo contrário, escolhido apresentar "sempre razões e recursos disponíveis para mais e mais descidas de IRC e transferências para os grupos económicos".
"O que serve o país e põe o país a funcionar é uma política ao serviço do povo e da maioria", ressalva, acrescentando que Portugal "dispensa o bafiento discurso de ódio, do racismo e da xenofobia".
Paulo Raimundo afirma contudo que este "não é momento para desânimos" e pede àqueles que "perdem a esperança" para olharem para o congresso que decorreu este fim de semana: "Confiem neste partido e, juntos, vamos resistir."
Em "tempos de incerteza e inquietações", o comunista considera que o "grande capital joga a cartada da extrema-direita", mas diz acreditar que este congresso deixou os delegados do PCP "mais determinados e preparados para tomar qualquer iniciativa".
"Quem esperava que confundíssemos resistência com desistência, encontrou aqui um partido consciente do terreno que pisa, das dificuldades e do exigente quadro que o nosso povo enfrenta, mas que aqui está, a resistir", sublinha.
Defende ainda que o 22.º Congresso do PCP "não foi uma montagem ou um espetáculo". Foi antes "um banho de realidade, uma expressão da vida vivida e das dificuldades do
dia a dia, mas também da luta que lhes faz frente.
"O congresso foi, isso sim, uma manifestação de força, determinação, coragem e de esperança para milhares e milhares que justamente ambicionam uma vida melhor", entende.
E se é certo que a situação mundial tem "exigido um PCP mais forte", Paulo Raimundo apela aos democratas, patriotas e juventude para que se juntem à luta "contra a política de direita", garantido "não desistir do país".
Neste discurso final, o líder dos comunistas volta a apelar para a paz e o fim dos conflitos bélicos: "Tomar a iniciativa, sem nenhuma hesitação, pela paz e contra a guerra. Pela solidariedade e contra o militarismo e a indústria da morte. Não desistimos da paz e estaremos, como sempre estivemos, na primeira linha de exigência."
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo,mostrou-se este domingo confiante com o projeto autárquico da CDU e apelou para eleições autárquicas com "uma grande jornada de mobilização".
No discurso de encerramento do 22.º Congresso do PCP, o comunista fala num espaço de "ampla convergência, onde cabem todos os que anseiam resolver os problemas concretos das populações".
"Mobilizemos comunistas, ecologistas, mobilizemos independentes, mobilizemos todos independentemente das suas opções partidárias, para dar ainda mais força a um projeto que não se confunde com nenhum outro e que queremos que se alargue, cresça e vá mais longe, desde logo com mais candidaturas", argumenta.
Paulo Raimundo considera que o seu partido tem um projeto autárquico "sem paralelo e com provas dadas", devido a um trabalho marcado pela "honestidade e competência", pelo que os comunistas só têm "razões para ter confiança para a batalha das eleições".
"E é a partir dessa necessidade e do justo reconhecimento do papel do PCP, que se alarga a cada vez mais e variada gente, que da tribuna do XXII Congresso apelamos e convocamos os democratas, os patriotas, os que cá vivem e trabalham e a juventude, todos os que são contra a política de direita e a injustiça, para que, com o PCP, tomem nas suas mãos a luta pela rutura com a política de direita, derrotem os projetos reacionários e defendam o regime democrático inscrito na Constituição", justifica.
O novo Comité Central do PCP foi eleito este sábado no 22.º Congresso do partido, em Loures, com seis votos contra e oito abstenções, e consagra uma direção comunista com menos membros, mais jovem e com mais mulheres.
O anúncio do resultado da eleição foi feito aos jornalistas por José Capucho, membro do Secretariado e da Comissão Política do partido, numa declaração sem direito a perguntas, no Complexo Municipal dos Desportos "Cidade Almada", onde está a decorrer o Congresso do PCP.
A lista, proposta pelo Comité Central cessante, consagra uma direção mais pequena, sendo composta por 125 membros, com 25 entradas de membros e 29 saídas, segundo disse José Capucho.
"O novo Comité Central corresponde à identidade e características do PCP e a necessidades globais do partido e capaz de assumir a responsabilidade para dirigir o partido até ao próximo congresso", afirmou o dirigente do PCP.
José Capucho considerou ainda que o resultado da eleição "é mais uma demonstração da unidade e coesão do PCP em torno da sua direção".
A Comissão Política e o Secretariado do PCP, órgãos executivos do partido, foram eleitos por unanimidade pelo Comité Central, assim como o secretário-geral, Paulo Raimundo, foi anunciado este domingo.
Os dois órgãos foram eleitos numa reunião do novo Comité Central, no sábado à noite, no Complexo Municipal dos Desportos "Cidade Almada", onde está a decorrer o 22.º Congresso do PCP, mas os resultados só este domingo foram divulgados.
Nessa reunião, o novo Comité Central também reelegeu o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, por unanimidade, sendo que o próprio "entendeu não votar na sua própria candidatura".
Além destes dois órgãos executivos, também a Comissão Central de Controlo foi eleita por unanimidade.
O PCP encerra este domingo o seu 22.º Congresso, em Almada, com a divulgação dos resultados da eleição para os órgãos executivos da direção - Secretariado e Comissão Política - e um discurso de encerramento do secretário-geral, Paulo Raimundo.
Sábado, a proposta de composição do novo Comité Central do PCP foi aprovada pelos delegados ao Congresso do partido com 98,6% dos votos, contando com 959 votos a favor, seis contra e oito abstenções.
Após esta eleição, o novo Comité Central - uma direção com menos membros, mais jovem e com mais mulheres do que a anterior - reuniu-se à porta fechada, para debater e eleger os seus órgãos executivos: Comissão Política e Secretariado.
Os resultados dessa eleição e a composição dos dois órgãos só serão contudo divulgados esta manhã, logo no início dos trabalhos do último dia do 22.º Congresso do PCP, às 09h30, estando previsto o encerramento da reunião magna comunista para as 13h30, com um discurso do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
No 22.º Congresso do PCP, estão presentes 1.012 delegados, a maioria dos quais homens (63,1%), e com uma idade média de 49 anos, segundo indicou este sábado Vera Furão, da comissão de verificação de mandatos.
De acordo com a composição etária indicada por Vera Furão, 38% dos delegados ao Congresso têm entre 31 e 50 anos, 22% têm entre 51 e 64 anos e 24% têm mais de 64 anos. Os delegados até 30 anos representam 15% do total.
O eurodeputado do PCP João Oliveira garantiu este sábado que não se vê na posição de ser convidado pelo seu partido a apresentar uma candidatura à Presidência da República em 2026.
Questionado pela TSF sobre a possibilidade de ser um protocandidato, já que o último cabeça de lista da CDU ao Parlamento Europeu a ser eleito antes de si, foi também candidato a Presidente da República em 2021, João Oliveira negou.
“Isso é uma coincidência que eu acho que não pode ser transformada em regra. Não há um percurso de decisão em relação aos candidatos à Presidência da República em função de terem sido candidatos ao Parlamento Europeu”, vinca.
João Oliveira teve este sábado um dos discursos mais aplaudidos no 22.º Congresso do PCP, valendo-lhe várias ovações pelos mais de mil delegados, mas o alentejano confessa que já se habitou à falta de sol em Bruxelas, pelo que afasta a hipótese de ser um dos candidatos à corrida a Belém.
O comunista garante, contudo, que, em todas as dimensões que tem tido intervenção política, tem sido um bom defensor de um projeto da Constituição. Assegura, por isso, que “nunca tinha equacionado hipótese de fazer isso a partir da perspetiva de ser candidato à Presidência República”.
“Tenho ideia que isso não vai ser uma questão que venha a ser colocado ou com que venha a ser confrontado”, insiste.
O eurodeputado reconhece, ainda assim, que as presidenciais de 2026 vão ser uma discussão coletiva.
O eurodeputado do PCP João Oliveira assegurou este sábado que os comunistas não estão disponíveis para convergências com o PS num eventual cenário de eleições, afirmando que não se deixa levar "pela ilusão de mudanças de caras" no partido liderado por Pedro Nuno Santos.
Em entrevista à TSF, no 22.º Congresso do PCP, o comunista defende que o partido é "a prova provada da convergência" que procura fazer, no quadro da CDU, inclusive com "militantes de outros partidos". E explica que para isso acontecer é apenas necessário que consigam ver nesta política aquilo que "o país precisa e o objetivo pelo qual vale a pena lutar".
Reconhece igualmente que o PCP é um partido de entendimentos, mas ressalva que o acordo de 2015, que deu origem à Geringonça, só aconteceu devido às suas circunstâncias especiais.
"Aquilo que aconteceu em 2015 só aconteceu porque o PS foi obrigado a isso e porque António Costa não teria futuro se não encontrasse aquela saída", afirma.
João Oliveira salienta que as posições políticas do seu partido não se aproximam das do PS e revela que nunca teve a ilusão de que o atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, significava uma aproximação à esquerda.
"Há uma questão que é preciso ter em conta: se as pessoas não se deixaram levar pela ilusão da mudança de caras, quando tudo o resto fica na mesa, talvez haja uma outra perspetiva de abordagem a estas questões", aponta.
O também antigo líder parlamentar do PCP defende que os comunistas têm procurado "saber se, na saúde, na habitação, nos salários e nas pensões, o posicionamento de cada partido corresponde àquilo que é preciso ao país".
"Quem é que quer convergir connosco em função desses objetivos? E quem é que tem posições que são convergentes com as nossas?", questiona.
As reuniões do 22.º Congresso do PCP estão a ocorrer este sábado à porta fechada para eleger o novo comité central.
O dirigente do PCP João Ferreira defendeu este sábado que, para concretizar a política alternativa que o partido defende, é essencial "alterar a correlação de forças", atraindo tradicionais eleitores do PS e quem está a votar em "projetos reacionários".
Num discurso no 22.º Congresso do PCP, em Almada, João Ferreira salientou que "não basta enunciar os conteúdos da política alternativa" que o partido defende, "nem reconhecer a sua justeza e pertinência", mas "demonstrar a sua viabilidade, apontar o caminho que possibilite a sua concretização".
"Num tempo de soluções fáceis, prontas a servir ao virar da esquina, não nos podemos iludir: esta política que transformará profundamente a situação económica e social, pressupõe ela própria, para se realizar, uma alteração substancial da atual situação política", avisou.
O também ex-eurodeputado do PCP salientou que a construção dessa alternativa "é um processo exigente, complexo, potencialmente longo, que não será fruto de atos isolados, proclamatórios ou voluntaristas, mas sim de uma ação determinada e persistente" que irá requerer "a confluência de vários fatores".
Entre esses fatores, João Ferreira destacou em particular "o desenvolvimento da luta social de massas, impulsionada por objetivos concretos e imediatos", considerando que essa luta é "essencial para alterar a correlação e a arrumação das forças no campo político".
"Deslocando para a esquerda amplos setores da sociedade, seja na base social e eleitoral de outros partidos, como o PS, com gente que esteja disposta a trocar a alternância pela alternativa, seja captando o descontentamento e a revolta que os projetos reacionários procuram instrumentalizar a seu favor", afirmou.
A dirigente do PCP Ilda Figueiredo defendeu este sábado que é vergonhoso que Portugal não tenha reconhecido o Estado da Palestina e pediu mobilizações pela paz e contra o avanço de "forças reacionárias e fascistas".
Numa intervenção no 22.º Congresso do PCP, Ilda Figueiredo, que está de saída do Comité Central, lembrou os conflitos e as suas "dramáticas consequências para os povos" que emergem no plano internacional e afirmou que, em simultâneo, "fazem-se ouvir pelos mais diversos lados a denúncia das agressões imperialistas e os apelos à paz".
A vereadora comunista na Câmara Municipal do Porto enumerou os "perigosos desenvolvimentos da situação internacional" no Médio Oriente, na Europa, na Ásia-Pacífico, América Latina e África e criticou o que diz ser uma "corrida aos armamentos, a imposição de bloqueios e sanções, a fome e o genocídio", acompanhada, acrescentou, pelo avanço de projetos e forças reacionárias e fascistas.
"Estão a exacerbar as tensões internacionais e aumentam as ameaças de um conflito mundial com consequências catastróficas para a humanidade", disse.
A antiga eurodeputada disse que se vivem tempos em que o "direito internacional não é respeitado e em que as sucessivas deliberações da Assembleia Geral da ONU são sistematicamente ignoradas e impedida a sua aplicação pelo direito de veto dos Estados Unidos" como acontece, acrescentou, com Cuba e a Palestina.
Ilda Figueiredo lembrou que já quase 150 países reconheceram o Estado da Palestina e disse ser "vergonhoso" que Portugal ainda não o tenha feito, criticando ainda que o país não tenha assinado o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares - uma afirmação que gerou apupos dos delegados e convidados em crítica à posição do Estado português.
"No entanto, a Constituição preconiza a abolição do imperialismo e do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração. Defende a solução pacífica dos conflitos internacionais. Reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência, o desarmamento geral, simultâneo e controlado", enumerou.
O ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa recorreu, este sábado, à História do último século para sustentar a tese de que os comunistas enfrentaram em vários momentos conjunturas extremamente adversas, sucederam-se as direções, mas sempre souberam erguer-se.
O eurodeputado do PCP João Oliveira afirmou que o partido conseguiu enfrentar um período "difícil e exigente" nos últimos quatro anos, salientando que o queriam "derrotado e em debandada", mas o encontram "firme e unido".
Apesar dos resultados menos positivos nas eleições mais recentes, o PCP está "de boa saúde". É o que considera, em declarações à TSF a partir do congresso do partido, o antigo líder parlamentar dos comunistas Bernardino Soares.
Sublinha ainda a "capacidade de intervenção na sociedade" que o Partido Comunista Português continua a ter.
O 22.º Congresso do PCP, que decorre este fim de semana em Almada, vai eleger este sábado a nova composição do Comité Central do partido, que deverá consagrar uma direção com menos membros, mais jovem e com mais mulheres.
A próxima direção comunista será eleita às 18h30 pelos cerca de 1040 delegados presentes no Congresso, numa votação que será feita à porta fechada e por voto eletrónico.
Após o anúncio público do resultado da votação, o novo Comité Central reunir-se-á para debater e eleger a composição dos seus órgãos executivos - Comissão Política e Secretariado - que só será, contudo, divulgada no domingo.
De acordo com a lista apresentada pelo Comité Central cessante ao 22.º Congresso, a próxima direção comunista será ligeiramente mais pequena - passará a ter 125 membros, contra os 128 atuais -, mais jovem (a média de idades passa dos 49 anos consagrados em 2020 para os 48) e terá mais mulheres (a proporção aumenta de 27,3% para 30,4%).
No total, entram 25 novos membros e saem 28, entre os quais a ex-deputada do PCP Alma Rivera, a antiga eurodeputada Ilda Figueiredo e os membros da Comissão Política do Comité Central Armindo Miranda e João Dias Coelho.
Deverão transitar para a próxima direção, do Comité Central cessante, 100 membros, entre os quais o ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa, o eurodeputado João Oliveira, o vereador na Câmara de Lisboa e ex-candidato presidencial João Ferreira, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, o deputado António Filipe, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, e o ex-autarca de Loures Bernardino Soares.
O candidato da CDU à Câmara Municipal de Lisboa, João Ferreira, nas eleições autárquicas do próximo ano acusa o PS de corresponsabilização em relação à gestão de Carlos Moedas na cidade nos últimos anos.
"O PS viabilizou todos estes instrumentos e fê-lo sem quaisquer condições. Portanto, foi uma opção assumida pelo Partido Socialista, que, no fundo, corresponsabiliza inevitavelmente pelos aspetos mais negativos da gestão do PSD e do CDS nestes anos e que limita consideravelmente a possibilidade de vermos no Partido Socialista qualquer tipo de alternativa séria, pelo menos em domínios fundamentais que são estruturantes da vida na cidade", disse o candidato comunista em entrevista à TSF.
O secretário-geral do PCP considerou esta sexta-feira que está em curso uma ofensiva anticomunista e uma campanha de desinformação à escala global, e atacou a NATO, a União Europeia e o "genocídio" de Israel contra o povo palestiniano. Paulo Raimundo denunciou igualmente a "intensificação à escala global de mecanismos de condicionamento ideológicos" e a "corrida ao armamento e à guerra, que servem os lucros da indústria da morte e podem conduzir a humanidade à destruição".
No discurso de abertura do 22.º congresso do PCP, Raimundo começa por destacar a importância de uma "profunda democracia interna". Sublinha ainda que os tempos de hoje exigem "a convergência de diversas forças" e uma "nova ordem internacional de paz", disparando críticas à conduta da NATO nos mais diversos conflitos atuais, tanto no Médio Oriente, como na Europa, acusando a organização de ser "o braço armado do imperialismo".
Nesta ofensiva anticomunista, pretende-se "legitimar a escalada do militarismo, as sanções, os bombardeamentos, as ingerências, os golpes e calar quem luta pela paz".
"Parem a guerra. Parem a morte. Parem o sofrimento. Parem de empurrar a humanidade para o abismo. É urgente dar uma oportunidade à paz", apela, afirmando que a luta pelo fim dos conflitos, é também uma luta pela democracia.
O líder dos comunistas garante ainda que o partido não se calará "perante o genocídio de palestinianos às mãos de Israel" e que "a Palestina não está sozinha e vencerá". Estas afirmações valeram-lhe uma ovação, em que se entoou "Palestina vencerá". Esclarece, por isso, que o congresso do PCP também serve para dizer aos jovens que estes "não serão carne para canhão".
"Querem calar a voz da paz, mas enganem-se. Aqui estamos e aqui estaremos para denunciar todos os responsáveis e cúmplices desta escalada que, para muitos, não tem fim", assume.
Paulo Raimundo defende que a "ofensiva ideológica" sempre esteve presente, mas entende que a grande diferença nos dias de hoje é "a sua dimensão, meios e instrumentos ao seu serviço". Critica por isso o "caminho de fomento do militarismo, com um perigo de conflito mundial, que a não ser travada, pode gerar consequências catastróficas".
"Intensificam-se à escala global os mecanismos de condicionamento ideológicos, ancorados em grandes grupos económicos, que condicionam meios de comunicação e as redes digitais, e procuram impor um pensamento único e iludir com a natureza do capitalismo. Querem ocultar a exploração dos trabalhadores e a destruição da guerra. Querem atrasar a luta dos povos e liquidar direitos. Querem calar quem luta pela paz. Rescrever a história, incluindo a da história portuguesa", alerta.
Na sua análise à atual conjuntura mundial, Paulo Raimundo referiu-se por uma vez à guerra na Ucrânia.
"Os últimos anos são reveladores da violenta ofensiva do imperialismo, com a sua escalada de confrontação e guerra, como vemos no Médio Oriente, na Palestina, no Líbano e na Síria, na Europa, nomeadamente na Ucrânia, na Ásia-Pacífico e noutras partes do mundo. Um caminho de fomento do militarismo, de crescentes ameaças à paz, com o perigo de um conflito mundial que, a não ser travado, poderá assumir catastróficas proporções", disse.
E foi neste contexto que introduziu as suas duras críticas à Aliança Atlântica e aos Estados Unidos, sustentando que a "expressão concreta" da escalada é em si mesmo a NATO, "com a sua ação belicista, o seu sucessivo alargamento, a sua intervenção de âmbito global".
"Representando hoje mais de metade das despesas militares no plano mundial, a NATO é o braço armado do imperialismo e o seu mais perigoso instrumento na ofensiva em curso. Uma ofensiva que é liderada pelo imperialismo norte-americano e cujo objetivo de imposição da supremacia dos interesses dos Estados Unidos não se alterará com a nova administração Trump", afirmou - uma referência à sua ideia de continuidade na administração de Washington.
A seguir, Paulo Raimundo associou a União Europeia à NATO, advogando que é "cada vez mais evidente o seu caminho militarista". Em contraponto, destacou a China e outros países de economias emergentes: "Um processo de rearrumação de forças em que a China assume um papel destacado e onde participam outros países em desenvolvimento com um crescente peso económico e político, que procuram convergir, num quadro muito heterogéneo, na resistência ao domínio do imperialismo".
O líder do PCP acredita assim que estes são "tempos de desinformação e censura promovidos à escala global" e entende que "ignorar esta ofensiva seria não apenas ingénuo, mas perigoso" para a luta que está a ser travada.
Fazendo uma reflexão sobre o partido, Raimundo reconhece que "cada um tem não só o direito mas também o dever de dar a sua reflexão" e diz que os comunistas foram chamados a "identificar questões, problemas e caminhos para entender e intervir na realidade concreta". Fala ainda na realização de mais de 900 reuniões, que envolveram mais de 14 mil membros do partido para afirmar que a preparação do congresso foi "aquilo que o povo precisava que fosse: debate, intervenção, luta e projeto".
"Olhamos para a vida e a sua evolução a partir dos interesses da classe dos trabalhadores e do povo, dos explorados e oprimidos. Aqui não assimilamos. Pelo contrário. Damos combate aos interesse e à ideologia e objetivos do capital. Assumimos a nossa visão patriótica e os nossos deveres nacionalistas. Queremos transformar a sociedade, romper com as injustiças e desigualdades, abrir caminho para uma alternativa para o país. Queremos a paz e a democracia. Queremos os valores de Abril no futuro de Portugal", aponta.
Denuncia ainda a "natureza opressiva do capitalismo", argumentando que, nos últimos anos, as cinco pessoas mais ricas do mundo "duplicaram a sua riqueza, condenando milhões de pessoas à miséria". Lamenta ainda um "sistema que ataca a democracia e promove a guerra".
O secretário-geral do PCP criticou esta sexta-feira as "cumplicidades" do PS com a política do Governo e considerou que, no atual momento nacional, não se pode "ficar em cima do muro".
No discurso de abertura no 22.º Congresso do PCP, em Almada, Paulo Raimundo criticou o Orçamento do Estado para 2025, viabilizado com a abstenção do PS, defendendo que "é mais uma peça" dos "interesses do grande capital" e inclui "novas tentativas de ataques aos direitos dos trabalhadores".
Paulo Raimundo considerou que o Orçamento do Estado "empobrece a vida aos pobres e enriquece a vida aos ricos", criticando em particular a redução do IRC em 1 ponto percentual, por considerar que vai dar "mais 400 milhões de euros direitinhos aos grupos económicos, esses tais que já hoje encaixam 32 milhões de euros de lucro por dia".
"Não surpreende que PSD e CDS, com Chega e Iniciativa Liberal (IL), assumam por inteiro os interesses dos que se acham donos disto tudo. Ainda que, sem surpresa, não se pode deixar de registar a opção do PS que, por maiores que sejam agora as suas proclamações, não conseguem disfarçar, nem muito menos apagar, as cumplicidades com as medidas aprovadas", afirmou.
Paulo Raimundo salientou que "o PSD e o CDS tiveram o Orçamento aprovado, o PS criou-lhes as condições para isso e ainda libertou e o Chega e a IL de ter de votar a favor", acrescentando que "todos, e perante as fabricadas discordâncias, são cúmplices da política que está em curso e desta política errada".
"Perante esta teia de cumplicidades, o PCP assume-se como a verdadeira força de oposição, resistência e de alternativa à política de direita. Um caminho que exige o combate ao avanço das conceções, objetivos e forças reacionárias que, apresentadas como antissistema, são o pior que o sistema produz", afirmou.
Para Paulo Raimundo, esse combate a forças reacionárias "obriga à rutura da política de direita, essa que é a causa funda que abre espaço e alimenta essas mesmas forças".
"Não se dá combate às forças reacionárias alimentando as suas conceções e aplicando, a pretexto do seu combate, a política que projeta", frisou.
O secretário-geral do PCP avisou que "a evolução do país nos tempos mais próximos dependerá do desfecho do confronto entre os que querem concluir o processo contrarrevolucionário e as forças que, ancoradas em Abril e na Constituição, lhes fazem frente e resistem".
"Um embate e um confronto que não se compadece nem admite que se fique em cima do muro. Que se fale de esquerda e se apoie a política de direita, que se fale nos direitos dos trabalhadores e se entregue de mão beijada benefícios para o grande capital, que se fale do superior interesse nacional, para a seguir se entregue mais uma empresa ao estrangeiro, mais uma parcela de soberania", afirmou, numa alusão ao PS.
Para Paulo Raimundo, "a situação nacional reclama iniciativa política, com propósitos e objetivos claros e sem hesitações para dar combate decidido à política de direita".
"As ameaças da direita exigem, e exigirão no futuro ainda mais, um PCP ainda mais forte e mais influente", referiu.
Os trabalhos do 22.º Congresso do PCP começaram precisamente às 10h30, como estava agendado, com os delegados a entoarem "A Internacional", tendo posteriormente aprovado várias propostas de funcionamento do Congresso, como o seu regulamento, a sua presidência e os seus órgãos.
O PCP inicia esta sexta-feira, em Almada, o seu 22.º Congresso, que contará com a participação de cerca de 1040 delegados e que vai arrancar com um discurso do secretário-geral do partido, Paulo Raimundo.
A abertura dos trabalhos está prevista para as 10h30, no Complexo Municipal dos Desportos "Cidade Almada", no Feijó, no concelho de Almada, distrito de Setúbal, com a projeção de um vídeo que faz um resumo da atividade do PCP desde o último Congresso, em 2020.
Depois das tradicionais votações do regulamento e horário, além de uma saudação aos delegados, Paulo Raimundo fará o discurso de abertura, naquele que será o seu primeiro Congresso enquanto secretário-geral do PCP, após ter sido eleito na Conferência Nacional do partido em novembro de 2022, substituindo Jerónimo de Sousa.
De acordo com o PCP, participarão no Congresso cerca de 1040 delegados, quase o dobro quando comparado com a última reunião magna do partido, em novembro de 2020, em que apenas participaram 600 delegados, devido às restrições sanitárias resultantes da pandemia de Covid-19.
Ao longo do Congresso, além das habituais intervenções de delegados, haverá também momentos de solidariedade para com a Palestina e relativos à paz - ambos com a divulgação de um vídeo -, assim como um outro momento de solidariedade para com a luta dos trabalhadores.
O PCP inicia esta sexta-feira, em Almada, o seu 22.º Congresso, que contará com a participação de cerca de 1040 delegados e que vai arrancar com um discurso do secretário-geral do partido. Em entrevista à TSF, Paulo Raimundo defende que este é o tempo da "resistência" e reconhece que os tempos não estão fáceis para o partido e que há muito para melhorar. Ainda assim, o comunista olha com confiança para as eleições autárquicas do próximo ano.
"O nosso congresso realiza-se num momento de resistência. Mas nós tínhamos duas opções a fazer perante isso: ou esperávamos que os ventos fortes passassem ou fazíamos aquilo que um Partido Comunista tem de fazer, perante a realidade concreta e as dificuldades todas deste mundo e deste país mais difícil, que é resistir de forma ativa, tomando a iniciativa. É isso que vamos fazer e estamos a fazer, combatendo à política que está em curso, que é um desastre para o país, afirmando alternativa, uma alternativa que tem combate às desigualdades e às injustiças e à brutal injustiça na distribuição da riqueza", explica à TSF Paulo Raimundo.
