MAI recusa responsabilidades e diz que "patrão" dos sapadores-bombeiros não é o Estado
A governante escusa ainda responsabilidades e afirma que as reivindicações dos sapadores-bombeiros "duram há 22 anos"
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A ministra da Administração Interna sublinhou esta quarta-feira que "é à mesa das negociações que se fazem os acordos" e considerou que o Governo já deu provas de que é dialogante. Margarida Blasco, ainda assim, notou que o "patrão" dos sapadores-bombeiros não é o Estado.
Numa declaração aos jornalistas, a propósito da manifestação levada a cabo pelos sapadores-bombeiros em frente à Assembleia da República, Margarida Blasco sublinha que estes profissionais não têm o Estado como "patrão", antes "dependem das autarquias locais".
A governante escusa ainda responsabilidades e afirma que as reivindicações dos sapadores-bombeiros "duram há 22 anos".
"Estão a tentar, e vão conseguir, com certeza, ter o estatuto de bombeiro", garantiu, acrescentando que "este Governo já negociou com as forças de segurança, com os enfermeiros, com os oficiais de justiça, com os guardas-prisionais, com as forças armadas o seu estatuto e é um Governo de diálogo, que fala com os cidadãos".
Sem responder às questões dos jornalistas, Margarida Blasco sublinha que as "conversações" estão decorrer a "bom ritmo", pelo que se mostra confiante em chegar "a um bom porto relativamente ao estatuto dos bombeiros".
"Relativamente aos bombeiros e àquilo que se passou há duas semanas, os bombeiros voluntários tiveram um aumento de 25% nas suas remunerações nos dias em que decorreram aqueles violentos incêndios", nota.
A ministra insiste, por isso, que "os bombeiros estão neste momento na mesa de negociações e vão continuar".
O presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores lamenta, contudo, que, até agora, o Governo não tenha apresentado qualquer tipo de proposta para responder às suas reivindicações.
"Na sexta-feira, o Governo chamou-nos para uma reunião. Supostamente, íamos na expectativa de haver uma proposta - as propostas dos sindicatos estão todas entregues -, mas chegamos a uma reunião em que o secretário de Estado informa ter um conjunto de boas intenções, mas não apresentou nada, apresentou uma mão cheia de nada", afirma.
Ricardo Cunha apela, por isso, para que o Executivo apresente as suas propostas "o mais rápido possível", mas confessa a pouca esperança para que tal aconteça, até porque o secretário de Estado expressou vontade em reunir "no mês de outubro", mas não garantiu que "teria algo de concreto" para apresentar.
Sobre a atuação das forças de segurança no protesto desta quarta-feira, Margarida Blasco deixa uma "palavra de apreço" pela "maneira como defenderam e mantiveram a paz pública em frente a um órgão de soberania".
Centenas de sapadores-bombeiros ocuparam esta quarta-feira a escadaria da Assembleia da República, num protesto que começou ao meio-dia e continuava em curso três horas depois, com rebentamento de petardos e queima de pneus.