Portugal espera a extradição dos dois fugitivos de Vale de Judeus nos próximos dias
As autoridades encontraram documentação falsa, 50 mil euros e duas armas de fogo no carro dos fugitivos
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Foi uma ameaça de morte que proporcionou a detenção Rodolfo José Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer, os dois fugitivos da cadeia de Vale de Judeus que foram presos esta quinta-feira, numa bomba de gasolina em Alicante (Espanha). Os agentes da Polícia Nacional de Espanha encontraram ainda no carro documentação falsa, 50 mil euros em dinheiro e duas armas de fogo.
Segundo um comunicado das autoridades espanholas, as investigações intensificaram-se no passado dia 28 de janeiro, quando foram recebidas informações sobre a presença dos dois fugitivos em Alicante. As informações apontavam para que os dois foragidos estivessem envolvidos em atividades criminosas em Espanha, como extorsões e ajustes de contas.
Esta informação foi confirmada, quando uma vítima de ameaças de morte por parte dos dois criminosos os denunciou. A denúncia permitiu localizar o veículo que usavam e realizar as atividades de vigilância que deram origem à detenção.
Os dois fugitivos vão ser postos à disposição judicial entre esta sexta-feira e o domingo e a convicção das autoridades portuguesas é que serão extraditados para Portugal nos próximos dias. “Os mandatos europeus são executados de forma rápida, de maneira que, previsivelmente, nos próximos dias poderão ser extraditados para Portugal”, explicou Luís Neves.
O diretor da PJ sublinhou que a colaboração com a Polícia Nacional espanhola começou desde o dia da fuga. “Com a informação que íamos tendo, fomos estreitando do ponto de vista regional onde é que estas pessoas poderiam estar. Conhecemos a família, os gostos, os amigos. Fizemos um trabalho de grande filigrana desde o primeiro momento que levou ao sucesso da operação.”
O diretor da Polícia Judiciária mostrou-se satisfeito com a detenção e não escondeu a surpresa pela rapidez com que os cinco foragidos foram recapturados: “Cinco meses depois, os cinco fugitivos estão detidos. Sendo humildes, nem nas nossas melhores cogitações pensávamos que isto pudesse acontecer.”
Luís Neves confessou ainda que não esperavam “encontrar os dois juntos”, uma vez que “o perfil destes criminosos faz acreditar que gostam de fazer este tipo de atividades em solitário”. O diretor da PJ disse igualmente que as autoridades acreditam que Rodolfo José Lohrmann foi o cérebro da fuga da cadeia de Vale de Judeus, “pelo seu perfil manipulador” e “porque já tinha fugido de outras prisões antes, nomeadamente na Bulgária”.
“Como disse logo na conferência de imprensa após a fuga, eram dois indivíduos muito violentos. Há pessoas que desapareceram, que estão mortas pela ação destas pessoas. Foram crimes de grande comoção e percebemos que esta fuga, sobretudo a do Lohrmann, tinha causado grande comoção no entorno familiar das vítimas. Por isso era tão importante para nós voltar a capturar estas pessoas”, insistiu Neves.
Rodolfo José Lohrmann, um argentino de 61 anos conhecido pela alcunha “O Russo”, estava envolvido em criminalidade altamente organizada e especialmente violenta e cumpria uma pena de prisão de 17 anos. Já o britânico, Mark Cameron Roscaleer, de 38 anos, cumpria uma pena de prisão de nove anos, estava envolvido em criminalidade especialmente violenta, como roubo com arma de fogo, sequestro e tortura.
Os dois faziam parte dos cinco presidiários que fugiram da cadeia de Vale de Judeus a 7 de setembro e que já se encontram em mãos da Justiça de novo. Dos outros três, os portugueses Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Loureiro foram presos no Norte de Portugal e em Tânger, respetivamente, e o georgiano Shergili Farjiani foi detido em Pádua, em Itália.
