Presidente do Comité das Regiões diz que centralização do orçamento da UE é "inconcebível"
Segundo Vasco Cordeiro, o esboço a que os jornalistas tiveram acesso "enfraquece a política de coesão" da União Europeia
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O presidente do Comité Europeu das Regiões considera "inconcebível" o esboço da Comissão Europeia divulgado pela comunicação social sobre o orçamento da União Europeia a longo prazo por entender que "enfraquece a política de coesão".
Questionado em Bruxelas, no arranque da 22.ª Semana Europeia das Regiões e Municípios, sobre as notícias que dão conta de que o próximo quadro financeiro plurianual a partir de 2028 prevê uma concentração de serviços e centraliza o processo de decisão e gestão dos diferentes instrumentos financeiros da União Europeia, Vasco Cordeiro sublinhou que "isso provoca danos" e que coloca em causa "o futuro do projeto europeu".
"Como é que é possível considerar que este projeto que se alicerça no objetivo essencial de garantir a coesão territorial, económica e social, pura e simplesmente pretende excluir - se as notícias são verdadeiras - as regiões e as cidades", questionou, manifestando elevado nível de preocupação.
Vasco Cordeiro afirmou que não conhece a versão do documento divulgada pelos media, mas insistiu que, a ser assim, o próximo quadro financeiro plurianual "pretende vir a excluir quem operacionaliza, quem é responsável por cerca de 50 por cento do investimento público".
"Isso é inconcebível. Nós não estamos a dizer apenas que as regiões e as cidades discordam. Não, nós estamos a falar de duas visões completamente diferentes daquilo que deve ser o futuro da Europa", concluiu.
Já a comissária europeia responsável pela Coesão e Reformas desvalorizou as informações vindas a público. Elisa Ferreira considera que "nem tudo o que sai nas notícias é a realidade, e que há testes e informações que vão sendo postas na agenda e geram reações."
A ainda comissária europeia disse que continua "a acreditar" que a versão do Orçamento da União Europeia não vai ser a final, "até porque há compromissos sérios assumidos pela presidente da Comissão Europeia (Ursula von der Leyen), que se mantém no cargo".
"Há textos, há todo um trabalho muito sério que foi feito, muitos parceiros e instituições como são os próprios Estados-membros, e como são também o Comité das Regiões, o Parlamento Europeu, e, portanto, eu penso que todos nós que somos europeus devemos ter uma palavra a dizer na construção da Europa", afirmou.
Elisa Ferreira reconheceu ainda que a política de coesão não é perfeita, mas disse estar convencida de que "o essencial vai ser mantido".