"Tempestade perfeita." A "preocupante" influência económica da Europa num Portugal à beira da "emergência"
O Fórum TSF desta terça-feira analisou as falências que estão a fustigar a região Norte do país (provocadas pela crise na Alemanha e em França) e quais as possíveis soluções para este problema
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A crise política em França e o segundo ano consecutivo de recessão na Alemanha tem consequências na economia portuguesa. Esta instabilidade internacional tem vindo a assolar vários setores em Portugal, nomeadamente a indústria têxtil, com fábricas a anunciarem falências na região Norte.
Ouvido no Fórum TSF, o presidente da Associação Têxtil e Vestuário em Portugal, Mário Jorge Machado, adianta que houve uma queda das exportações para a Europa e introduz "uma série de fatores complexos" que, juntos, causam "uma tempestade perfeita".
"Estamos numa situação de uma transição energética na Europa. Estamos perante um novo modelo de produzirmos e armazenarmos energia. Estamos com alterações em termos do comportamento dos consumidores. Estamos com uma guerra na Europa", explica.
Também no Fórum TSF, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, reconhece que "a principal preocupação" não é este Natal, mas "a influência da Europa" na economia do país para os próximos meses.
"Essas situações refletem-se nomeadamente em encerramentos na área têxtil, dificuldades de exportação para França e Alemanha e para outros países europeus e, inclusivamente, algumas mudanças de hábitos de consumo que atingem a restauração", defende.
Nesta linha, o presidente Associação Nacional de Restaurantes, Daniel Serra, caracteriza a situação atual como "preocupante" face ao "crescente reporte de dificuldades por parte dos empresários" e nota também sinais de crise para o próximo ano.
"Prevê-se aqui uma dificuldade que no próximo ano vai ser aumentada, naturalmente muito reflexo destas falências, destes encerramentos de empresas, desta diminuição de trabalhadores ativos", remata.
No caso do setor automóvel, o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), José Couto, igualmente em declarações à TSF, admite que não descarta o risco de o desemprego aumentar, mas apenas em situações "de emergência".
"Não é o intuito, pelo menos os empresários mostram que (no estudo que a AFIA fez) procuram outras soluções antes de chegar a isso", frisa.
Já Andreia Araújo, da comissão executiva da CGTP, mostra-se preocupada com os despedimentos coletivos e pede ao Governo que defenda os trabalhadores, para que "não fiquem entregues à sorte".
"Muitas vezes são estratégias empresariais que não têm sequer em linha de conta aqueles que durante anos contribuíram para os resultados destas empresas. São empresas que recebem apoios do Estado e que é preciso que todas estas situações sejam objeto de fiscalização", esclarece.
Por sua vez, o presidente da Associação Empresarial de Portugal critica os custos de contexto e a falta de políticas públicas que dificultam "a competitividade das empresas à escala global".
Luís Miguel Ribeiro reforça ainda a importância das "empresas criarem riqueza", para "ter empregos melhor remunerados" e atrair os portugueses para o mercado nacional.
