Certificados de aforro ou depósitos a prazo? Portugueses têm "dificuldade em poupar", mas não é impossível
No Dia Mundial da Poupança, a Deco Prosteste Investe partilha com a TSF o que o cidadão comum pode fazer para amealhar, e deixa um aviso: é preciso começar a poupar para a reforma
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O dia 31 de outubro pode ser assustador por outro significado que não o Dia das Bruxas: é também a Dia Mundial da Poupança. Mas o ato de pôr dinheiro de parte pode ser um susto para os portugueses?
Segundo o analista financeiro da Deco Proteste António Ribeiro, “os portugueses continuam com muita dificuldade em poupar”. Em concordância com estas afirmações estão os dados levantados pelo barómetro anual da Deco Proteste, que indica que só 7% das famílias portuguesas não têm dificuldade em amealhar.
António Ribeiro aponta os baixos salários como uma das principais razões. "Continuamos com baixos salários, portanto não é possível fazer milagres: se não há grande rendimento, também não é possível poupar muito."
Outra razão é a falta literacia financeira. António Ribeiro reconhece que tem havido progressos nesta matéria, principalmente nas escolas, mas considera que ainda há muito por fazer. “A geração que está em idade ativa, que já não vai à escola, não vai apanhar essa formação em literacia financeira.” E quando as pessoas não podem ir ao encontro da literacia financeira, o analista defende que ela deve ir ao encontro das pessoas. “As empresas deveriam dar formações simples de literacia financeira para tentarmos criar uma população um bocadinho mais informada, que faz melhores escolhas, que sabe o que está a subscrever e quais são as prioridades, por exemplo, em matéria de poupança."
Porém, António Ribeiro não fica por aqui. Apesar dos salários baixos e da iliteracia financeira, “o principal inimigo da poupança é inflação”, afirma.
Como poupar mais e melhor?
Certificados de aforro? Depósitos a prazo? Há decisões simples que ajudam o cidadão comum a poupar?
Sim, há. Mas, primeiro, António Ribeiro dá nota de um aspeto importante que muitas pessoas não têm em conta: deve-se procurar produtos com rendimento bruto igual ou superior à inflação. “Neste momento, a inflação prevista pelo Banco de Portugal para o próximo ano é de 2%. Ou seja, as pessoas devem procurar sempre produtos com um rendimento bruto igual ou acima de 2,8%."
O analista da Deco Proteste avisa que a taxa base dos certificados de aforro "depende da Euribor e a Euribor está a cair de forma bastante significativa", e por isso, tendo em conta a situação atual do mercado, "quem tiver dinheiro para aplicar e para poupar, consegue encontrar depósitos com rendimento melhor do que os certificados de aforro".
Para António Ribeiro, o cidadão deve ter dois tipos de poupança: “uma de curto prazo, que é o tal fundo de emergência, e depois uma poupança de longo prazo para a reforma.” Porquê? “A Comissão Europeia tem alertado para quebras significativas nas pensões em Portugal a partir de 2050. Estamos muito perto dessa data e isso significa que aquelas gerações que estão neste momento a fazer descontos para a Segurança Social poderão ter cortes superiores a 60% na sua pensão de reforma.” Apesar do alerta, o analista garante que há uma forma de dar a volta ao assunto: "Os produtos que já estão disponíveis como PPR, fundos de pensões, certificados de reforma. Todos esses produtos têm benefício fiscal e permitem poupar de forma regular com pequenos montantes para a reforma."
Em abril de 2024, a Deco Proteste apresentou ao Governo 10 medidas para incentivar à poupança. Entre elas, a diminuição da taxa de imposto dos produtos de poupança e o aumento das vantagens e os benefícios fiscais dos PPR para incentivar a poupança de longo prazo.
