Ligações familiares e profissionais. Quatro detidos lesaram Grupo Chimarrão em 40 milhões de euros
A empresa assumiu a denúncia que levou à operação da PJ e garante ser vítima de crimes
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Uma história de família desavinda que terá começado em 2014, mas só depois da morte do fundador é que foi apresentada queixa. A Polícia Judiciária realizou buscas na terça-feira e fez as primeiras detenções. Em causa estão crimes informáticos e criminalidade económico-financeira.
Os detidos, na maioria familiares do dono, trabalhavam na empresa e terão conseguido apoderar-se do sistema relacionado com a faturação do Chimarrão, garantindo o controlo da empresa e lesando os proprietários em pelo menos 40 milhões de euros.
O grupo de restauração assumiu esta quarta-feira ter sido o denunciante do esquema criminoso na faturação da empresa e garantiu ser vítima dos crimes que levaram à operação "Assinatura d'Ouro", realizada pela Polícia Judiciária.
Numa nota enviada à Lusa, o grupo sublinhou que a investigação da PJ, integrada num inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, "foi destinada a apurar factos cometidos por terceiros, que se aproveitaram da fragilidade física e psíquica do anterior proprietário, já falecido, e da sua mulher doente, incapacitada e diagnosticada com Alzheimer desde 2014".
A investigação da PJ "foi destinada a apurar factos cometidos por terceiros".
"Os atuais proprietários, filhos e netos, bem como o Chimarrão, foram os denunciantes dos crimes em investigação e são vítimas dos atos abusivos e de delapidação do património familiar, cuja extensão ainda está por apurar", pode ler-se ainda no comunicado.
Em causa poderão estar crimes de acesso ilegítimo, sabotagem informática, burla informática, falsificação de documentos e branqueamento de capitais, segundo a informação divulgada hoje de manhã pela PJ, na sequência da operação desenvolvida pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica.
Além das três detenções efetuadas, a PJ informou que foram cumpridos 25 mandados de busca domiciliárias e não domiciliárias, embora o grupo tenha salientado que os restaurantes, atuais proprietários, gestores e trabalhadores "não estão a ser alvo de quaisquer processos ou buscas e os estabelecimentos continuam a funcionar normalmente".
De acordo com a PJ, os detidos assumiram o domínio do grupo e passaram a controlar "todo o sistema informático relacionado com a faturação, fazendo seu aquele que era o património pessoal do fundador e das empresas do grupo" de restauração.
A PJ acrescentou ainda que os suspeitos se aproveitaram da "situação de vulnerabilidade das vítimas", assumindo gradualmente o controlo das empresas do grupo e desviando "património avaliado em dezenas de milhões de euros".
A operação possibilitou a recolha de provas documentais e digitais, bem como a apreensão de imóveis, veículos de luxo, contas bancárias e participações em sociedades.
Os detidos vão ser presentes ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, para o primeiro interrogatório e aplicação das respetivas medidas de coação.
