Quatro sindicatos convocados para reunião com Governo sobre carreira de sapadores-bombeiros
O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores garante que mantém greve para dia 15 de janeiro
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O Governo convocou quatro sindicatos para retomar o processo negocial sobre a carreira dos sapadores-bombeiros. Na convocatória, enviada pelo secretário de Estado da Administração Local, sabe a TSF, é dito que “a realização desta reunião só pode ser viabilizada, desde que estejam asseguradas as condições de negociação, segurança e responsabilidade”. O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) foi convocado para uma semana mais tarde, dia 16, e garante que vai manter o pré-aviso de greve para o dia anterior, 15 de janeiro.
O Governo suspendeu as negociações com os sindicatos após a concentração convocada para dia 25 de novembro para a frente da sede do Executivo, onde houve momentos de tensão e onde foram atirados tochas e petardos.
No entanto, os quatro sindicatos convocados para dia 9 de janeiro (SINTAP, STAL, STML e SNBP) não participaram nesse protesto e, em carta enviada na altura ao Governo, acentuaram essa situação, pedindo que o processo negocial fosse retomado. José Abraão, dirigente do SINTAP, anuncia que, esta terça-feira, receberam finalmente a convocatória para esse encontro e lembra que, na carta de resposta, o secretário de Estado da Administração Local já tinha avançado com algumas propostas para levar a discussão, propostas essas que se aproximam das suas reivindicações. “Nessa carta [o secretário de estado da Administração Local], diz-nos que quer continuar a revisão da carreira, que quer manter as sete categorias da carreira especial do sapador-bombeiro, manter as 35 horas de trabalho semanal, criar um suplemento único que tínhamos avançado que fosse da ordem dos 30%, que enquadre o suplemento de risco, de função, a penosidade e insalubridade." Os quatro sindicatos não fizeram nenhum pré-aviso de greve, nem nenhuma convocatória para nenhuma concentração, adianta também: "Nós somos sindicatos de negociação, de compromisso e estamos de boa-fé no processo.”
O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores recebeu com surpresa a notícia de que as outras estruturas sindicais vão reunir com o Governo dias antes do encontro agendado com esta estrutura sindical e garante que vai manter a paralisação agendada para dia 15 de janeiro. "Isto só mostra que o Governo está a ter uma atitude muito pouco democrática e está a pôr o maior sindicato do setor de parte", afirma o presidente Ricardo Cunha. "Só prova aquilo de que já estávamos desconfiados, que ia haver reuniões paralelas. Isto só virá trazer descontentamento aos bombeiros”, garante. E considera que "o Governo está a falhar o protocolo negocial" e que as estruturas sindicais que foram agora chamados para a reunião "são os sindicatos que traíram os bombeiros no passado e que possivelmente vão voltar a fazê-lo".
"Se o Governo pensa que é isso que vai acontecer, vai ter sempre a resposta do SNBS e dos bombeiros”, assegura. Ricardo Cunha sublinha que as propostas do Executivo têm sido sempre insuficientes, ao contrário do que tem acontecido com outras carreiras profissionais. "Aos sapadores-bombeiros já devem 104 euros desde janeiro de 2023, já nos disseram que não davam retroatividade sobre isso, nem tinham intenção de dar esse valor", afirma. "Assim não estamos a mostrar seriedade, nem a valorizar esta carreira profissional, por isso, o protesto de dia 15 é para manter”, assegura.