O projeto do lado português está feito e o estudo de impacto ambiental também. A ponte que liga as duas margens do Guadiana está em risco de perder os fundos do PRR
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Depois de ter avançado com todos os trâmites necessários para a ponte que vai ligar Alcoutim a Sanlucar del Guadiana, a câmara municipal desta autarquia do nordeste algarvio está em condições de lançar o concurso para a obra. Mas do lado espanhol não há ventos favoráveis.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros enviou esse projeto para o seu homólogo espanhol e estamos a aguardar informações por parte de Espanha há imenso tempo", explica o presidente desta câmara algarvia.
Paulo Paulino sublinha que a espera já chegou aos nove meses.
"Até à data não chegou [a resposta] e isso preocupa-nos".
Quando o primeiro-ministro português se deslocou no mês de abril a Madrid apontou para os atrasos nas duas pontes previstas para ligar os dois paises: esta sobre o Rio Guadiana, entre Alcoutim e SanLucar del Guadiana, e a futura ponte entre Nisa e Cedillo. Luís Montenegro lembrou a necessidade de acelerar as obras para que não se percam os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. A ponte de Alcoutim custará perto dos 13 milhões de euros. Os fundos têm que ser executados até Junho de 2026.
Mas, do lado espanhol, não há entendimento entre o Governo de Pedro Sanchez e a Junta Autónoma da Andaluzia sobre quem paga os acessos à ponte, se o governo de Madrid (de maioria socialista) ou o governo regional (de centro-direita).
"Há aqui uma falta de comunicaçao e isso prende-se apenas com definições internas em Espanha", garante o autarca de Alcoutim.
Paulo Paulino assegura que com esta ponte, esta vila do interior algarvio desertificado " ganharia centralidade" e teria maior ligação ao Algarve, Alentejo e Andaluzia.
Os governos de Lisboa e Madrid têm falado sobre o assunto e as autoridades regionais portuguesas acreditam que ainda será possível que as ligações entre os dois países tenham luz verde na próxima cimeira luso-espanhola. Caso contrário a ponte entre Alcoutim e Sanlucar Del Guadiana pode não passar de uma ideia que tem mais de e da qual se falou numa cimeira entre os dois países em 1993.
Entretanto, nas últimas horas a Câmara de Alcoutim lamentou mais um sinal do abandono do interior: a partir do dia 5 de agosto os serviços da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo vão encerrar às segundas, quartas e sextas feiras em Alcoutim e às terças e quintas feiras na freguesia de Martimlongo. O autarca considera que o encerramento parcial das agências não apenas prejudica a conveniência dos clientes, mas "também pode ter sérias consequências para a coesão social e o desenvolvimento económico da região".