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Antigo guarda de campo de concentração nazi começa a ser julgado

A sign reading "Stop!" in German and Polish is seen at the former Nazi German concentration and extermination camp Auschwitz, during the ceremonies marking the 73rd anniversary of the liberation of the camp and International Holocaust Victims Remembrance Day, in Oswiecim, Poland, January 27, 2018. REUTERS/Kacper Pempel - UP1EE1R1FDEUZ REUTERS

Alemão de 94 anos é acusado de cumplicidade em centenas de assassínios quando tinha entre 18 e 20 anos.

Um antigo guarda de 94 anos do campo de concentração nazi de Stutthof, no norte da Polónia, vai começar a ser julgado esta terça-feira em Munster, na Alemanha, acusado de cumplicidade em centenas de assassínios.

O alemão, que vive em Munster, é acusado de ter servido entre junho de 1942 e setembro de 1944 neste campo localizado a quarenta quilómetros de Gdansk. O Ministério Público não revelou a identidade do acusado que, segundo o diário Die Welt, é um pintor de paisagens aposentado.

"Tinha entre 18 e 20 anos de idade na época. Como supervisor, ele guardava o campo, as cercas e as torres de vigia", num período em que centenas de pessoas "foram gaseadas e morreram de fome ou a tiro", afirmou o promotor público de Dortmund, Andreas Brendel.

O acusado tinha "conhecimento de todos os métodos usados para matar" e, assim, foi cúmplice no "assassínio de centenas de pessoas", mesmo que não tenha participado diretamente, segundo a acusação.

De acordo com o Die Welt, o homem negou à polícia em agosto de 2017 ter conhecimento das atrocidades que foram cometidas no campo de concentração, alegando, nomeadamente, que os soldados também tinham passado fome.

Stutthof foi o primeiro campo de concentração nazi ativado fora da Alemanha no final de 1939 e um dos últimos a ser libertado pelos Aliados em maio de 1945. No campo - que recebeu cerca de 110 mil pessoas, entre judeus, ciganos e polacos -, há a registar 65 mil mortes, de acordo com o Museu Stutthof em Sztutowo.

O local foi guardado pelas SS (corpo de elite alemão) e por pessoal auxiliar ucraniano, tendo servido inicialmente como centro de detenção de prisioneiros de guerra e opositores polacos, noruegueses ou dinamarqueses antes de receber judeus oriundos dos países bálticos e da Polónia, na sua maioria mulheres, deportados a partir de 1944 no âmbito da "solução final" nazi.

Após a sua libertação, menos de cem dos mais de dois mil membros que ali serviram às ordens do regime nazi foram levados a tribunal, a maioria em Gdansk e na antiga República Federal da Alemanha, de acordo com o museu.

Lusa