Desporto

Quem se destaca nesta fase da temporada? O campeão e o pequeno Moreirense

O Moreirense Futebol Clube no estádio da Luz, em Lisboa Pedro Rocha / Global Imagens

Como acontece cada vez que o futebol de clubes é interrompido pelos compromissos das seleções nacionais, fazemos aqui um ponto da situação do desempenho das equipas portuguesas naquilo que dominamos como ciclos da temporada.

No domingo, terminou o terceiro ciclo da presente temporada do futebol de clubes, que foi constituído por três jornadas do campeonato, duas rondas das taças (de Portugal e da Liga) e por duas jornadas das competições europeias.

Depois de Benfica e Braga terem sido dominadores nos dois primeiros ciclos, foi a vez do campeão nacional FC Porto puxar dos galões, fazendo o pleno: encerrou esta série de sete encontros, das diversas provas, com sete vitórias. Uma proeza que lhe valeu a liderança isolada do campeonato e a quase certeza de apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, mantendo-se assim em todas as frentes: continua na Taça de Portugal e apenas depende de si para conseguir chegar às meias-finais da Taça da Liga. Merecem realce os triunfos obtidos na Liga dos Campeões (3-1 na Rússia e 4-1 em casa, perante o Lokomotiv de Moscovo) e o de sábado passado, na receção ao Braga, que seguia empatado com os portistas na liderança do campeonato.

Mas o Porto não é a única equipa portuguesa que alcançou o pleno de vitórias nos jogos realizados neste terceiro ciclo. Embora tendo disputado apenas quatro encontros, a verdade é que o Moreirense protagoniza neste momento uma série impressionante de quatro vitórias consecutivas, incluindo a obtida no Estádio da Luz (3-1). Os "cónegos" seguem no sexto lugar da Liga e estão ainda na Taça de Portugal, mas já saíram da Taça da Liga após derrota na Póvoa de Varzim na segunda fase da prova.

O terceiro ciclo da temporada de clubes ficou claramente marcado pelo despedimento de José Peseiro do comando técnico do Sporting, que constitui a primeira "chicotada psicológica" em clubes da liga principal. Peseiro não resistiu à derrota caseira com o Estoril (para a Taça da Liga), mesmo que no campeonato as aspirações leoninas se mantivessem intactas, assim como na Liga Europa e nas duas taças internas. E a verdade é que o registo do Sporting neste terceiro ciclo tem que ser considerado positivo, para o que contribuiu também o bom trabalho do treinador interino que substituiu Peseiro, o jovem Tiago Fernandes. Antes da chegada do holandês Marcel Keiser ao banco de Alvalade, os leões alcançaram o segundo lugar no campeonato, a dois pontos do Porto, graças a três vitórias em outros tantos jogos da Liga.

Igualmente fundamental na história deste terceiro ciclo é a crise de resultados do Benfica: três derrotas em seis encontros, que além do afastamento do primeiro lugar do campeonato provocaram também o praticamente certo adeus à Champions. As águias continuam na luta pelo título (são somente quatro os pontos que a separam da liderança da prova), mas a posição de Rui Vitória é tudo menos segura nos tempos que correm.

Outro facto que marca o terceiro ciclo da temporada é a primeira derrota do Braga. Esta sucedeu no derradeiro encontro deste período, numa altura em que o clube minhoto era já falado na Europa do futebol por ser a única equipa das dez melhores ligas europeias sem qualquer derrota em jogos oficiais. O recorde durou apenas três dias, uma vez que o conjunto de Abel Ferreira perdeu (1-0) na deslocação ao Dragão, na cimeira de líderes do campeonato. Uma derrota que não retira qualquer brilho à excelente época do Braga, até porque fez aquilo que já não se via há muitos anos uma equipa portuguesa fazer no reduto do Porto: desfrutar de mais oportunidades de golo do que a equipa da casa (cinco contra três). Numa partida de grande qualidade, pode muito bem dizer-se que os Guerreiros do Minho perderam o jogo e a liderança da liga mas, mais do que nunca, mostraram ser verdadeiros candidatos ao título.

Bem longe destas lutas anda outra das grandes surpresas positivas do terceiro ciclo da época: o Desportivo das Aves. Após terminar o ciclo anterior no último lugar do campeonato, os avenses somaram seis pontos em três jogos, o que lhes valeu subirem seis lugares na classificação. Às duas vitórias na Liga (a última das quais perante a revelação dos dois primeiros ciclos, o Rio Ave), a equipa de José Mota juntou dois triunfos nas taças internas, alcançando assim o terceiro melhor desempenho deste período competitivo.

No polo oposto, estão os conjuntos com os piores resultados recentes e que têm uma coisa em comum: perderam os últimos três jogos de campeonato: o Marítimo (que já andou nos primeiros lugares), o Feirense (que durante algum tempo teve a defesa menos batida da Liga) e o Chaves (que é o atual "lanterna vermelha"). Os insulares são mesmo os detentores da pior performance do terceiro ciclo, já que não conseguiram qualquer triunfo no conjunto das provas que disputam: às três derrotas na liga juntaram um desaire na Taça da Liga e apenas continuaram na Taça de Portugal graças ao desempate por penáltis após o 0-0 em casa do Moura, do terceiro escalão. A vida está cada vez mais complicada para Cláudio Braga, o técnico da equipa dos Barreiros, que perdeu os últimos seis jogos de campeonato, caindo para o 13º lugar.

Finalmente, o nosso destaque individual deste ciclo, que vai para Marega. Depois de ter sido um dos nomes próprios do título portista na época passada (22 golos no campeonato), o maliano começara a presente temporada de forma muito tímida, com apenas dois tentos nos primeiros oito jogos realizados. Quando os adeptos do Porto já temiam o pior, eis que Marega volta ao seu melhor nível, com quatro golos e duas assistências nos últimos cinco encontros em que participou, apenas ficando em branco na receção ao Braga. E, coincidência ou não, o dragão voltou a ter chama.