Sociedade

Marcelo tem encontrado novas caras entre sem-abrigo. "Tem a ver com problema dos despejos"

Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa António Cotrim/Lusa

O Presidente da República ajudou, este domingo, a servir um almoço de Natal a mais de 300 sem-abrigo. Marcelo Rebelo de Sousa alertou para o problema dos despejos que fazem surgir mais casos.

Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se aos 150 voluntários do C.A.S.A. - Centro de Apoio ao Sem-Abrigo e, entre tabuleiros, foi ouvindo histórias de vida. O Metropolitano de Lisboa cedeu o espaço do refeitório, na Pontinha, Odivelas, e mais de 300 sem-abrigo apareceram para um almoço diferente.

Antes de conseguir chegar ao refeitório, o Presidente da República passou por estudantes de medicina que faziam um rastreio cardiovascular aos sem-abrigo e por uma barbearia improvisada. Pelo meio, o presidente dos afetos ia sendo interpelado, entre pedidos de ajuda ou partilhas de histórias.

Entre beijinhos e curtas conversas, o Presidente vestiu-se a rigor com um colete amarelo de voluntário para começar a distribuir as refeições, mas primeiro alertou para o aparecimento de novos sem-abrigo, pessoas que muitas vezes vão para a rua porque não podem pagar a renda da casa.

"Há caras que via e que já têm habitação e recomeçaram a sua vida [...] e depois há novas caras. E as novas caras que tenho encontrado nos sem-abrigo tem a ver com problema que é o problema dos despejos", contou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que tem conhecido "casos de sem-abrigo mulheres, e não apenas homens, que acabaram de ser despejadas e são pessoas com idade".

Para o chefe de Estado esta "é uma realidade que tem de ser acompanhada", mas isso "depende da vontade política. É preciso que não só este Governo como o próximo Governo, seja qual for, continue com a mesma vontade e com mais meios". No entanto, sublinhou, "é preciso que a situação económica não piore", já que "se a situação económica desacelerar, basta desacelerar no mundo, na Europa e em Portugal, aumenta imediatamente o número de sem-abrigo".

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que conhece bem o trabalho do C.A.S.A. - Centro de Apoio ao Sem-Abrigo e de outras instituições, e reconheceu que "está difícil a realização dos circuitos [de apoio] porque os sem-abrigo estão permanentemente a mudar de localização e de município. Mesmo muito próximo de Belém, eu pude já verificar o aparecimento de novos sem-abrigo, que se encontram na fronteira entre dois municípios, Lisboa e Oeiras. Isto é um novo desafio complicado porque os circuitos que estão feitos são desafios que não preveem muitas vezes esta mobilidade", afirmou.