A Comboios de Portugal (CP) exonerou o diretor de material circulante depois de uma decisão desfavorável a alterações na manutenção. Empresa garante que decisão nada tem a ver com a posição de José Pontes Correia.
José Pontes Correia, diretor de material circulante da CP, foi exonerado depois de discordar que a manutenção dos rodados das automotoras elétricas fosse feita 300 mil quilómetros depois do que era feito até então, aos 1,7 milhões, por razões de segurança.
O jornal Público noticiou que o responsável deixou o cargo que tinha na empresa, depois de ser exonerado, pouco tempo depois de mostrar uma posição diferente do Conselho por acreditar que a segurança ferroviária estava em causa. Em declarações à TSF, Pontes Correia diz não ter dúvidas de que a sua saída está relacionada com a sua opinião.
O ex-diretor de material circulante da CP explica que "a decisão foi não aceitar este aumento dos 300 mil quilómetros enquanto não tivesse um estudo aprofundado e coerente que nos permitisse, em confiança, que o material pudesse fazer mais 300 mil quilómetros", mas a posição não foi bem aceite.
Pontes Correia continua, referindo que por motivos de saúde teve de estar de baixa uns dias e o Conselho acabou por "nomear um diretor interino que aprova o ciclo de manutenção" contra as indicações.
"Quando regressei de baixa, o Conselho chama-me e diz-me que eu tinha posições contrárias às do Conselho e acharam que não precisavam mais de mim naquela função, convidaram-me a demitir, eu achei que não me devia demitir e exoneraram-me, foi tão curto como isto", contou, confessando que não tem dúvidas de que a saída está relacionada com a oposição da posição tomada pela empresa.
José Pontes Correia confia na empresa que faz a manutenção dos equipamentos, mas realça que há "falta de técnicos em quantidade para fazer as reparações". O ex-diretor de material circulante acredita ainda que está a ser feita uma "vigilância muito ativa sobre os elementos de rolamento que são essenciais" pelos técnicos, mas não deixa de assegurar que esta atitude foi o adiamento do problema por "dias ou meses".
Após a divulgação da notícia do jornal Público, a CP reagiu, garantindo que "as operações de manutenção e reparação do material circulante da CP obedecem a pareceres técnicos e decisões que, em contacto permanente com os fabricantes, asseguram os padrões de segurança ferroviária".
Sobre a demissão, a empresa assegura que a decisão não tem uma correspondência direta com a posição de Pontes Correia. "Importa salientar que a exoneração do diretor de material circulante da CP não tem qualquer ligação com tal decisão, mas, tão somente, com a não verificação de condições objetivas para o exercício da função", pode ler-se na nota enviada às redações.