Sociedade

Todos os segredos (menos um) para fazer Bolo Rei em casa

Pastelaria Batalha

A pastelaria Batalha convidou-nos a conhecer a receita do Bolo Rei que no ano passado venceu o Concurso Wonderland Lisboa. Agora é só adaptar e acrescentar uns pozinhos para fazê-la em casa. Damos-lhe a receita completa.

"Eu passo todos os meus segredos, sem problema", anuncia João Batalha, o pasteleiro que está à frente da Pastelaria Batalha, no largo Luís de Camões, em Lisboa.

O nome Batalha tem origem no nome de família, o negócio começou na Charneca, depois abriu na Venda do Pinheiro e mais recentemente no coração de Lisboa. É lá que além da produção diária de pastéis de nata, parrameiros, charniqueiros e outros bolos João Batalha faz workshops para turistas e para quem quiser.

A arte da pastelaria aprendeu-a com o pai. João Pedro Batalha reconhece o jeito do herdeiro. "A farinha é quase como o ópio, quando a gente mete as mãos naquilo, dificilmente larga e ele meteu as mãos na farinha, olhe, já não larga", afirma. O filho, João Batalha, confirma: "É um gosto".

Vamos ao que interessa. A farinha é o primeiro ingrediente de uma lista com perto de 20. "2 quilos de farinha, 300 gramas de margarina, 300 gramas de açúcar, 50 gramas de sal, 4 ovos, 400 mililitros de leite e calda de laranja feita por nós", começa por explicar João Batalha que, entre ingredientes, nos fala da história do Bolo Rei.

O bolo que no século XVI fazia as delícias da corte de D. Luís em França só chegou a Portugal no século XX. "Na altura da I Guerra Mundial, alguns refugiados de França, principalmente um chefe francês, trouxeram essa primeira receita e ele introduziu-a na Confeitaria Nacional", conta. João Batalha afirma que essa é, basicamente, a receita que temos hoje em dia.

A receita da pastelaria Batalha tem o toque pessoal de João. O segredo está na mistura de licores e, esse, o pasteleiro, afinal, não revela. "Não vou dizer o resto dos segredos, há segredos que não posso dizer se não eram todos medalhados de maior Bolo Rei".

Ficamos no entanto a saber que utiliza licor de anis e Vinho do Porto, que há outras pastelarias que utilizam whisky ou aguardente, e que é importante que os frutos secos e os frutos cristalizados sejam da melhor qualidade.

O buraco do meio faz-se com o cotovelo. "Não sei dizer o porquê, só sei que se apanhar uma amêndoa dói um bocadinho".

Receita para oito pequenos Bolos Rei (de 500 gramas):

2 quilos de farinha 55

30 g de melhorante (um aditivo químico alimentar usado para melhorar a qualidade da farinha)

300 g de margarina

300 g de açúcar

50 g de sal

4 ovos

400 ml de leite

50 g de calda de laranja

200 g de fermento

200 ml de licores

1,1 kg de fruta cristalizada picada

350 g de sultanas

650 g de fruta seca à escolha (exemplo: 200 g de nozes, 200 g de amêndoa com pele e 250 g de amêndoa palitada)

Numa taça, junte a farinha, o melhorante, a margarina, o açúcar, o sal, os ovos, o leite e a calda de laranja.

Amasse tudo durante 8 a 10 minutos.

Adicione o fermento e a mistura de licores e amasse durante mais 4 minutos.

Depois deixe repousar cerca de 5 a 7 minutos.

Acrescente à mistura a fruta cristalizada picada, as sultanas e a fruta seca e amasse novamente.

Separe pedaços de 500 g, faça bolas e com o o cotovelo faça um buraco no meio. De seguida, com as mãos, alargue as argolas.

Deixe repousar durante 40 minutos a uma hora. Pinte com ovo, decore com a fruta cristalizada e leve ao forno durante 15 a 20 minutos a 180 graus.

"E está pronto o nosso bolo rei"!