"A Opinião" de Pedro Pita Barros, na Manhã TSF.
Segundo anúncio recente do Governo, prepara-se um grande plano de renovação de infraestruturas, incluindo a componente ferroviária, e que deverá levar finalmente à melhoria adiada nas redes de comboios de passageiros e de mercadorias. Este plano a ser apresentado resulta de um processo que começou no inicio do ano.
As mudanças, espera-se, não se irão ficar pelo aumento e melhoria de rede de comboios, e com a redução do tempo de viagem Lisboa - Porto.
Há igualmente mudanças decorrentes das regras europeias, que procuram assegurar que os serviços ferroviários possam ser prestados da forma que melhor sirva os cidadãos, os passageiros, por um lado, e as empresas que os usam para transporte das suas mercadorias, por outro lado.
Para os serviços de passageiros, desejavelmente deverão ser definidas obrigações de serviço público. A empresa que as venha a cumprir poderá ser portuguesa ou não. Vale a pens olhar para a experiência internacional neste campo, onde as questões de investimento das companhias ferroviárias nos comboios e na qualidade de serviço devem ser acauteladas, face ao que se observou noutros países.
Para os serviços de mercadorias, a ligação a Espanha e à Europa será o elemento crucial para o futuro dos serviços ferroviários, e para a ajuda que possam dar ao desenvolvimento económico do país.
A renovação da rede ferroviária terá assim que ser mais do que investir em novos carris, e de reduzir a duração da viagem de Porto a Lisboa, e terá que pensar quais os serviços relevantes e qual a melhor forma de os prestar.
Na circulação interna de passageiros, poderão ser mais relevantes as deslocações Norte - Sul, enquanto nas mercadorias a ligação Oeste - Este será provavelmente mais importante. A renovação das linhas e dos serviços terá que gerir estas diferenças, e será inevitável que sejam estabelecidas prioridades - se mais atenção aos passageiros, se mais atenção às mercadorias.
Dados os montantes envolvidos, será desejável que exista transparência nas decisões e depois rapidez na execução. Em ano de eleições, não será fácil obter consensos de longo prazo sobre investimentos de grande montante mas será bom que não se adie mais a renovação da rede ferroviária.