Marta Temido respondia ao PSD que apelou a um "consenso ao centro" porque " a ideologia não dá saúde". A ministra garante que privado será apenas "complementar" e apela ao acordo da esquerda.
O Governo sabe que está pela frente "um longo trabalho de melhoria" na análise das propostas de Lei de Bases da Saúde. A ministra da Saúde fechou o debate sobre a Lei de Bases da Saúde a citar o médico e político Miller Guerra e a considerar que: "as hesitações, as transigências benevolentes os compromissos tão do nosso feitio corromperam muitas vezes as nossas iniciativas".
"Esta é provavelmente uma oportunidade única. Agora manda a Assembleia da República. Saiba a Assembleia ser sábia", disse Marta Temido.
Durante a discussão, e em resposta ao PSD a ministra da Saúde garantiu que o Governo não está disposto a transigir relativamente aos negócios na saúde.
"A necessidade não é um critério cego, mas este setor é um setor que vale 10% do PIB, que envolve muitos negócios e é relativamente aos negócios que não estamos dispostos a transigir", vincou Marta Temido, lembrando que diploma de 1990, ainda em vigor, prevê um apoio ao desenvolvimento do setor privado em concorrência com o público.
A ministra "não quer que a separação de funções entre financiador e prestador seja o álibi para privatizar", nem pretende "concessionar [ao privado] pela simples dificuldade de reformar".
Antes, Ricardo Batista Leite tinha desafiado o Governo para um "consenso ao centro" que cortasse "com as amarras da ideologia"
"A ideologia não dá saúde e que se saiba não cura nenhuma doença", ironizou o deputado do PSD garantindo que o partido "rejeitará sempre qualquer modelo político de pendor estatizante que queira obrigar à força, a foice e a martelo, a ter no Estado o prestador único e exclusivo de todas as prestações públicas de saúde".
Mais tarde, em resposta aos jornalistas, depois do debate, a ministra rejeitou que a proposta seja "estatizante ou ambígua", enquanto, o hemiciclo, o Bloco respondia ao centro direita que "não quer a lei da foice e do martelo, o que PSD e CDS querem é uma lei da Luz Saúde e do Grupo Mello".
Tanto o BE como o PCP exigiram ao Governo que clarifique a posição sobre o papel do Estado e a participação dos privados, acusados pela deputada comunista Paula Sá de "só estarem interessados no negócio".
As quatro propostas para a nova Lei de Bases da Saúde, do Governo, do PCP, do PSD e do CDS-PP, devem juntar-se, sem votação, à proposta já apresentada pelo Bloco de Esquerda.