Assassino carioca queria continuar detido no Paraguai, onde gozava de regalias. Para isso, cometeu mais um crime bárbaro no país. Mas acabou expulso para o Brasil.
Nascido e criado no Rio de Janeiro, Marcelo Pinheiro, conhecido no mundo do crime como Marcelo Piloto, chefiou o tráfico de droga nas comunidades Mandela I, II e III, na favela de Manguinhos, antes de se tornar o chefe da organização criminosa a que pertencia, o Comando Vermelho, na delegação do Paraguai, país que é rota importante no narcotráfico.
No país vizinho do Brasil, Piloto ganhou contactos, reputação, influência. Mas, após tantos homicídios, latrocínios e milhões faturados no tráfico, acabou mesmo preso. Na cadeia paraguaia, porém, os tais contactos, reputação e influência traduziram-se em regalias.
Só que a boa vida estava para acabar: as autoridades brasileiras conseguiram um acordo de extradição, de maneira a que o traficante cumprisse pena de 26 anos por umas dezenas de outros crimes cometidos no país de nascimento.
Piloto estava desesperado. Queria continuar no Paraguai, mesmo detido, porque na prisão, ao contrário da maioria dos outros detidos, podia comer na cela as iguarias locais (com faca e garfo de aço inoxidável) e receber visitas de prostitutas.
Foi aí que, com o sangue frio de assassino profissional, sentiu a sua oportunidade: pegou numa faca de mesa e esfaqueou 16 vezes Lídia Meza, a prostituta que o visitou naquele dia. Piloto não se coibiu de matar uma jovem inocente para ter mais um crime pelo qual ser julgado no Paraguai e assim permanecer nas prisões locais sob as regalias de que desfrutava.
Mas as autoridades paraguaias decidiram fugir ao protocolo, expulsá-lo do país e entregá-lo à justiça brasileira - que se comprometeu, após cumprimento da pena, a devolvê-lo ao Paraguai para ser julgado pelo homicídio de Lídia Meza.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.