Depois de verem anulados os concursos internacionais de paradressage, os atletas da única equipa portuguesa estão a tentar reunir 18 mil euros para conseguirem participar nos paralímpicos em 2020.
A única equipa de cavaleiros com deficiência que pratica dressage pode ficar apeada no caminho para Tóquio. Os concursos internacionais que deviam realizar-se este ano em Portugal estão a ser cancelados.
O primeiro, marcado para março, em Cascais, já foi anulado e o de abril, em Abrantes, também, não se vai realizar.
Maria de Lurdes Cardiga, presidente da direção da Academia João Cardiga, explica que isto vem criar mais dificuldades para os atletas.
"Planeámos o ano e orçamentámo-lo com base na realização desses campeonatos internacionais em Portugal, o que implica que gasta-se menos, mas muito menos dinheiro, do que ir para França, pela Europa, enfim, tentar obter as qualificações necessárias. Entretanto, este ano começámos a ter as confirmações de que os concursos estavam a ser cancelados. O que entristece os atletas portugueses é ver os concursos de dressage a ser realizados e os de paradressage a serem anulados."
A equipa Cardiga paradressage é a única nesta modalidade equestre em Portugal. A presidente lembra que participar nos Jogos de Tóquio era fundamental.
"Nós acreditamos que a visibilidade da paradressage e o interesse pela paradressage poderá ser agitado após uma participação em equipa do país no maior patamar desportivo, que são os jogos paralímpicos. Neste momento, Portugal está em oitavo lugar no ranking mundial de 21 países e se não continuarmos o trabalho de qualificação, quer individual quer em equipa, nós vamos descer e corremos sérios riscos de não participar nos jogos paralímpicos."
Para garantir a qualificação para Tóquio a equipa precisa de fazer provas em França, Itália ou Espanha. Precisa de pelo menos 18 mil euros. A equipa já conta com um importante apoio dos Jogos Santa Casa, mas para cumprir este objetivo e perante as circunstâncias, é preciso mais. Toda a ajuda é bem-vinda e já foi criada uma plataforma de crowdfunding (que está a funcionar desde sábado).
Maria de Lurdes Cardiga lembra que os Paralímpicos de Tóquio podem fazer a diferença - e não só para esta equipa.
"Nós temos, por exemplo, uma atleta que está em cadeira de rodas e é estudante da Faculdade de Letras e que ontem me dizia: "é com os cavalos que eu consigo sentir o que é caminhar". Todos eles partilham de um grande sonho que é sentirem-se capazes de algo, sentirem-se admirados e respeitados."
No Facebook, a página "Cavalgar até Tóquio 2020" dá toda a informação para quem quiser ajudar. Até agora, conseguiram 235 euros.